‘Há condições de se chegar a um acordo futuro’

Para escritor e jornalista bósnio, é impossível separar geograficamente os três grupos étnicos

Ivan Lovrenovic reconhece, em Serajevo, que a escalada no conflito parece agora inexorável, e acha que solução é estabelecer governos democráticos nos três futuros países.

Estado – Ainda é possível os croatas, sérvios e muçulmanos da Bósnia-Herzegovina viverem numa mesma estrutura política?

Ivan Lovrenovic – Sim. Esses grupos étnicos convivem há centenas de anos, e podem continuar convivendo, até porque não há como separá-los geograficamente. No momento, a situação é muito explosiva, mas acredito que haja condições para se chegar a um acordo no futuro.

Estado – Há chance de se formar algum tipo de confederação entre as repúblicas iugoslavas?

Lovrenovic – No momento, não existe clima para isso. Mas a atual situação de confronto é uma contingência e tudo depende dos políticos em Belgrado e em Zagreb. Entenda, o que nos levou à guerra foram as opções feitas pelos nossos governantes. Os cidadãos comuns não querem essa guerra. Sérvios, croatas e mulçumanos podem conviver pacificamente, como sempre.

Estado – Qual a solução?

Lovrenovic – A solução é estabelecer governos democráticos e liberais na Sérvia, Croácia e Bósnia-Herzegovina. Políticos que realmente representem as aspirações do povo buscarão uma solução.

Estado – A proclamação de uma república sérvia na Bósnia leva o conflito em escala total para a república?

Lovrenovic – Infelizmente. A escalada agora parece inexorável.

Estado – Qual a situação em Serajevo?

Lovrenovic – A situação está bastante calma aqui. Não há sinais de um aumento na tensão nem de aproximação do conflito.

Estado – O eventual reconhecimento da independência da Bósnia pela Comunidade Econômica Européia pode ajudar?

Lovrenovic – Sem dúvida. A Europa pode e deve desempenhar um papel muito importante na solução dessas crises. O reconhecimento da independência da Eslovênia e da Croácia pela CEE abriu para nós um período de grandes expectativas.

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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