‘Agora, tudo o que eu quero é vencer a guerra’

Após prejuízo, empresário passa a apoiar Hezbollah

ZAHLE, Vale do Bekaa – Sentado num banco e tomando chá no posto de gasolina de um amigo, Ali Saleh não tem cara de quem acaba de perder US$ 2 milhões. Mas de quem viu o irmão salvar-se por pouco.

O bombardeio israelense do sul de Beirute, na segunda-feira, destruiu um edifício de dez andares de Saleh. Havia três dias, os três andares de escritórios e depósitos e os outros sete residenciais tinham sido esvaziados, diante do risco de serem atingidos pelos freqüentes ataques israelenses na área, um reduto do Hezbollah. Mas seu irmão, Khalil, saíra de lá duas horas antes do ataque.

À pergunta sobre se vai pedir indenização a alguém, Saleh, que tem outros edifícios no oeste de Beirute, de predominância sunita, e uma distribuidora de roupas no Vale do Bekaa, responde: “Só quero agora ganhar a guerra.” Ganhar como, se o Líbano não está na guerra?, pergunta o repórter. “O Hezbollah é o Líbano”, responde Saleh.

Indagado sobre se gosta do Hezbollah, o empresário xiita enfatiza: “Agora, sim. Até agora, o Hezbollah não atingiu uma criança, enquanto Israel está atacando crianças aqui”, explica Saleh (na realidade, os foguetes do Hezbollah já mataram e feriram várias crianças em Israel). Na sua opinião, a culpa pelo que está acontecendo é da falta de união entre os árabes. “Foi isso que fortaleceu Israel ao longo de 50 anos.” Mesmo assim, ele confia sua vingança ao braço armado de uma facção.

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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