Ministro do Planejamento quer reforçar prevenção de crises na América Latina.
SANTIAGO – O ministro do Planejamento, Martus Tavares, defendeu ontem, na abertura dos trabalhos da 42.ª Reunião Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), uma mudança no perfil da instituição, para reforçar a prevenção de crises na região. No calor da crise argentina, Tavares anunciou oficialmente a posição do Brasil, já manifesta em encontro com o presidente do BID, Enrique Iglesias, sábado, em favor de aumento da cota de 15% do total de empréstimos para apoio às reformas nos países membros.
“As crises financeiras internacionais têm mostrado que as economias da região ainda se ressentem de um significativo grau de vulnerabilidade externa, bem como a necessidade de contarmos com mecanismos de prevenção e administração de situações de emergência”, argumentou Tavares.
“É patente a necessidade de nova matriz de financiamento que leve em consideração o enorme esforço de ajuste fiscal por que passam os países da região.” Ele propôs “novos produtos e instrumentos de características anticíclicas para a prevenção de crises, a melhoria da qualidade do gasto público e a criação e fortalecimento de redes de proteção social”.
“Trata-se de um ajuste no perfil do banco, para ampliar sua contribuição diante dos novos desafios que se colocam para a região.” Além do aumento da cota, Tavares reivindicou uma ampliação dos recursos para o setor privado, hoje restritos a 5% do capital do banco, que soma US$ 112 bilhões.
Segundo o relatório anual do BID, divulgado ontem, os empréstimos concedidos no ano passado pelo banco totalizaram US$ 5,3 bilhões. Em 1999, esse valor foi quase o dobro (US$ 9,5 bilhões) por causa da participação do banco no programa de salvaguardas promovido pelas instituições multilaterais para os países da região, diante da crise deflagrada com a desvalorização do real. Desse total, foram 11 empréstimos e duas garantias no valor de US$ 512 milhões para projetos de infra-estrutura do setor privado.
O relatório salienta que para cada US$ 1 investido pelo BID nesses projetos há uma contrapartida de outros US$ 5 de outras fontes. Para setores inteiros, e não projetos específicos, o banco aprovou US$ 621 milhões, distribuídos entre 13 programas. O País também defende o incremento dessa modalidade.