Aumenta popularidade do partido Kadima

Segundo pesquisa, agremiação de Sharon teria 44 cadeiras nas eleições parlamentares de março

JERUSALÉM – Enquanto o estado de saúde do primeiro-ministro Ariel Sharon registra melhora contínua, o mesmo acontece com as chances de seu novo partido, Kadima, nas eleições parlamentares de 28 de março. Pesquisa divulgada ontem pelo jornal israelense Haaretz indica que, se as eleições fossem hoje, o Kadima obteria 44 das 120 cadeiras da Knesset (Parlamento) – 4 a mais do que na primeira pesquisa realizada depois do derrame cerebral de Sharon, ocorrido dia 4.

Com isso, o Kadima teria uma vitória folgada sobre os seus principais concorrentes: o Partido Trabalhista viria em segundo lugar, com 16 cadeiras, e o Likud, do qual Sharon saiu em novembro para fundar seu partido, em terceiro, com 13. Analistas apontam os trabalhistas como possíveis parceiros do Kadima numa coalizão para formar a maioria. Outros dois potenciais parceiros, os seculares Meretz e Shinui, teriam 5 e 4 cadeiras, respectivamente. O partido ultra-ortodoxo Shas ficaria com 10. A sondagem foi feita na segunda-feira, em conjunto com o Canal 10 de TV, com 640 entrevistados.

A popularidade do Kadima está calçada na ampla aprovação, manifesta na época por cerca de 70% dos israelenses, da retirada da Faixa de Gaza, em agosto. Na pesquisa divulgada ontem, o primeiro-ministro interino Ehud Olmert, sucessor de Sharon na liderança do Kadima, aparece com 40,5% da preferência dos entrevistados para lidar com problemas de segurança e diplomáticos, seguido do ex-primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, do Likud, com 29,5%, e do líder trabalhista Amir Peretz, com 13,5%. Em temas socioeconômicos, a disputa é muito mais acirrada: Olmert é o preferido por 30%, o esquerdista Peretz, por 28,5% e o liberal Netanyahu, por 27%.

Embora Sharon ainda não tenha saído do coma em que está mergulhado há uma semana, e os médicos não arrisquem prever que tipo de habilidades ele terá, fontes do Kadima espalharam a notícia de que o partido pretenderia apresentá-lo como seu candidato a primeiro-ministro. Olmert encabeçaria a lista do partido de candidatos a deputado. O ex-primeiro-ministro Shimon Peres, que deixou o Partido Trabalhista para se juntar ao seu antes arqui-rival Sharon, seria o número 2 da lista. O parlamentarismo israelense prevê a figura do candidato a primeiro-ministro. Mas, pela lei, todo candidato tem de assinar sua inclusão na lista. Sharon teria de voltar do coma capaz de fazer isso a tempo.

Os médicos têm desestimulado excessos de otimismo e advertido que não se sabe quando nem como ele voltará do coma. Os briefings diários que vinham sendo concedidos à imprensa foram suspensos. Um comunicado do Hospital Hadassah informou ontem que a dosagem de anestésicos administrados em Sharon continuou diminuindo, mas que ele continuava sob leve sedação. A previsão era a de que os sedativos fossem completamente retirados ontem à noite, e que seu efeito ainda perdurasse por cerca de 36 horas, ou seja, até amanhã de manhã. Mas os médicos alertam que cada paciente reage de uma maneira.

Publicado em O Estadão. Copyright: Grupo Estado. Todos os direitos reservados.

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