No mapa na parede da biblioteca, não existe Israel
TÚNIS — Quem vê o diretor Fathe Balawi caminhando pelos corredores de Al-Quds, severo e carinhoso com os estudantes, tem a impressão de que está numa escola qualquer. O recreio já acabou e os alunos desaparecem pelas portas das salas de aula à passagem do diretor. Mas definitivamente é um colégio diferente. Basta olhar o mapa do que hoje são Israel e os territórios ocupados, na biblioteca da escola. Nele, não existe Israel: é um mapa da Palestina.
Al-Quds — nome árabe para Jerusalém, lugar sagrado também para o islamismo — é uma escola de 800 alunos palestinos e 40 professores (mulheres em sua maioria), sustentada pela OLP.
A escola serve à pequena comunidade palestina em Túnis, formada basicamente por funcionários e quadros da OLP. Como estes estão em constante mudança, servindo em regiões do mundo inteiro, os alunos da Al-Quds vêm dos mais diversos países, e falam originalmente os mais diversos idiomas — além do árabe, preservado por seus pais.
Balawi conta com orgulho que no ano passado 62,5% dos alunos da Al-Quds que fizeram teste de bacharelado na Jordânia foram aprovados, estando assim habilitados para estudar numa universidade. A média dos estudantes jordanianos aprovados foi de 51,3%.
O diretor tira da gaveta um exemplar do jornal Al-Ahraia, do Catar, contando que o palestino Ibrahim al-Abed, de 24 anos, acaba de se formar em engenharia da aviação pela Universidade de Londres. Al-Abed nasceu em Beirute, e seu pai é assessor do ministro da Educação e Cultura dos Emirados Árabes Unidos.
“Há muitos palestinos vivendo em tendas, barracos e mesmo nas ruas, mas apesar de todas as dificuldades, educação para nós é fundamental”, diz Balawi, há 40 anos trabalhando na área.
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