Zelaya diz que não é otimista com negociação

Segundo líder deposto, intransigência de Micheletti abalou missão da OEA

TEGUCIGALPA – O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, reconheceu ontem que “não é otimista” quanto ao resultado das negociações com o governo de facto, lançadas pela Organização dos Estados Americanos (OEA). “Apoio porque um democrata apoia o diálogo.”

Zelaya, que se reuniu na quarta-feira à noite com representantes da OEA, afirmou que eles “estavam sumamente abatidos com a atitude de (presidente de facto, Roberto) Micheletti, que disse que não importava o que resolvesse a mesa de diálogo, se não fosse aprovado pelos outros Poderes ele não teria nenhuma responsabilidade.”

Zelaya voltou a dizer que a ideia de um terceiro assumir a presidência seria “um novo golpe de Estado”. Num sinal de seu desconsolo, ele cometeu um ato falho, chamando Maira Mejía, uma das suas representantes no diálogo, de “ex-ministra do Trabalho”. A “mesa de diálogo” discutirá não só a solução para o impasse político, “para que se possa realizar as eleições em paz”, mas também “uma verdadeira reforma social”, disse o presidente deposto.

Zelaya afirmou que os chanceleres não falaram em sua remoção da embaixada. “A OEA pediu que se garanta minha integridade e das pessoas que me acompanham, assim como a solenidade da investidura (do cargo de presidente)”, disse ele. “Logicamente, aqui estamos em condições muito adversas”, prosseguiu. “Agradeço ao Brasil o esforço que fez para nos receber com o fim de consolidar a democracia no continente. O presidente Lula deu mostras de que é um democrata.”

À pergunta sobre se confiaria em garantias do Exército para instalar-se noutro lugar, Zelaya respondeu que “Honduras é signatária de tratados internacionais de respeito aos direitos humanos” e o Estado hondurenho tem obrigação de “respeitar a vida e a dignidade”.

Zelaya disse que essa “mesa de diálogo” prosseguirá, provavelmente até o dia 15, prazo que ele estipulou para um acordo para sua restituição ao cargo, caso contrário não reconhecerá as eleições previstas para novembro.

Um carro da embaixada brasileira foi minuciosamente revistado pela polícia antes de sair da casa ontem. O Artigo 21 da Convenção de Viena afirma que “os locais da missão (diplomática), seu mobiliário e seus meios de transporte não poderão ser objeto de busca, requisição, embargo ou medida de execução.”

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