Declaração final quase leva Fórum à ruptura

ANTÍGUA – Pela primeira vez em seus 11 anos de história, o Fórum de São Paulo não conseguiu aprovar uma declaração final no encerramento do encontro, na noite de quarta-feira. 

 

O grupo de trabalho chegou a um texto de consenso, mas, no plenário, representantes de Cuba e da Nicarágua o rejeitaram.

O Fórum sempre teve uma divisão visível entre moderados e radicais. “Aqui, há um embate entre a esquerda que olha para o passado, que é a maioria, e a que olha para o futuro”, disse Dina Lida Kinoshita, secretária de Relações Internacionais do PPS.

O incidente quase levou o Fórum à ruptura. Na quinta-feira, depois que a maioria dos 800 participantes de 48 países tinha ido embora, os negociadores continuaram no Hotel Santo Domingo. Finalmente, por insistência dos brasileiros, aprovaram a declaração como tinha sido redigida.

O texto diz que, “tal como foi proposta pelos EUA, a Alca constitui um plano de anexação e não um acordo de verdadeira integração para as Américas”, e propõe “uma integração alternativa, que contemple principalmente a dimensão política e social”. Roberto Regalado, do Partido Comunista cubano, alegou que era preciso colocar de maneira mais clara que o grupo era contra a Alca, em qualquer circunstância.

O texto aprovado não menciona o Iraque. Traz apenas declarações genéricas, do tipo: “O princípio que deve ser respeitado para preservar a paz é o do direito internacional e não o uso arbitrário do poderio militar ou econômico.” O nicaragüense Padre D’Escoto, da Frente Sandinista, defendeu a condenação explícita a um eventual ataque americano contra o Iraque.

A declaração, de seis páginas, diz que “a reunião se realizou sob o impacto do triunfo do povo brasileiro que consagrou Lula presidente”, e que “a conquista do governo no maior país do continente reafirma a validez de uma política de alianças de máxima amplitude e profundidade”.

“Cresce dia a dia a crise de credibilidade do neoliberalismo nos mais amplos setores”, afirma o texto. “Sopram os ventos da mudança.” 

 

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