Candidato favorito à presidência colombiana espera visitar o País depois do primeiro turno
BOGOTÁ — O candidato favorito nas eleições presidenciais da Colômbia, Álvaro Uribe, confirmou sua disposição de estreitar relações com o Brasil, ao comunicar que gostaria de visitar o País logo depois da realização do primeiro turno, amanhã. O desejo de Uribe foi manifestado na noite de quinta-feira por sua assessora para assuntos internacionais, Mariángela Houguin, ao embaixador do Brasil em Bogotá, Marcos de Vincenzi.
Uribe já havia demonstrado sua expectativa em relação ao Brasil em janeiro, quando se reuniu em Bogotá com Osmar Chohfi, secretário-geral do Itamaraty, o equivalente a vice-chanceler. Na ocasião, o candidato disse que o Brasil deveria desempenhar um papel-chave na Colômbia, fosse na guerra ou na paz.
Uribe considera absurdo que o presidente Andrés Pastrana tenha reservado papel de protagonista aos países da União Européia (UE) no fracassado processo de paz, em detrimento de um país importante, na região, como o Brasil. Durante as negociações do governo colombiano com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), os europeus atuaram como mediadores, enquanto o Brasil fez parte do grupo dos observadores.
Na verdade, o distanciamento refletia um certo ceticismo do governo brasileiro quanto ao futuro daquelas “mesas de negociações”, instaladas numa zona desmilitarizada do tamanho da Suíça no centro da Colômbia, que a guerrilha usou como santuário para impulsionar o narcotráfico e como base de suas ações militares e terroristas no resto do país.
Por outro lado, a falta de entusiasmo de Uribe pelos europeus é recíproca.
Pressionados pelos chamados formadores de opinião europeus, aí incluídas as organizações de defesa dos direitos humanos, os governos da União Européia têm condenado com muito mais ênfase os vínculos excusos entre as Forças Armadas colombianas e os paramilitares do que os seqüestros e massacres promovidos pela guerrilha.
Uribe, defensor de uma ação mais dura contra a guerrilha, é acusado por seus adversários de ligações com os paramilitares. Além disso, a provável eleição de Uribe tende a deteriorar ainda mais as já azedas relações entre a Colômbia e a Venezuela, cujo presidente, Hugo Chávez, não se esforça muito em disfarçar a simpatia pela guerrilha colombiana.
Não podendo contar com relações estáveis e tranqüilas com seu vizinho ao norte, é natural que Uribe olhe com mais interesse para seu imenso vizinho a leste — além, é claro, de uma renovada disposição dos Estados Unidos em cooperar militarmente com seu eventual governo. E não só Uribe. Em entrevista na quarta-feira, o segundo colocado nas pesquisas, o liberal Horacio Serpa, admitiu que buscaria um acordo bilateral de cooperação militar com o Brasil.
Preocupado com a segurança da extensa fronteira de 1.700 quilômetros em selva amazônica, o Brasil tem feito freqüentes manobras militares na região, como agora, quando 4.300 mil soldados participam de um exercício.
Embora o interesse por uma parceria valha tanto para a guerra quanto para a paz, a primeira hipótese é a mais provável, a curto prazo. Resta saber até onde o Brasil estaria disposto a ir.