Embaixadora americana e subsecretário de Estado deixam-se fotografar ao lado do candidato
BOGOTÁ — O governo americano demonstrou ontem à noite sua predileção por Álvaro Uribe, o candidato na dianteira das pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de domingo. O poderoso respaldo ao defensor de uma ação militar mais dura contra a guerrilha foi expresso não com palavras, mas com um gesto de forte simbolismo: após uma reunião a portas fechadas com Uribe, no seu comitê eleitoral, o subsecretário de Estado para Assuntos Andinos, Phillip Chicola, e a embaixadora dos EUA em Bogotá, Anne Patterson, deixaram-se fotografar e entrevistar ao lado do candidato.
“É uma honra estar aqui e poder trocar impressões com o doutor Uribe poucos dias antes de uma das eleições mais importantes na história recente da Colômbia”, assinalou Chicola. “Temos uma trajetória de amizade com a Colômbia, na qual surgiram obstáculos, mas que pudemos superar.” As frases ajudam a lembrar os colombianos de que o principal adversário de Uribe, Horacio Serpa, foi ministro do Interior do presidente Ernesto Samper (1994-98).
As acusações contra Samper de ter recebido dinheiro do narcotráfico converteram a Colômbia num pária frente aos EUA, que suspenderam ajuda econômica e congelaram os laços comerciais e diplomáticos com o país.
“Temos a convicção de que o próximo presidente, seja quem for que os colombianos escolham, vai ser tão bom amigo dos EUA como queremos ser da Colômbia”, continuou Chicola, sob o olhar embevecido de Uribe. Os jornalistas perguntaram se seria bom para os EUA se o próximo presidente fosse Uribe. “O mais importante, para os EUA, é que seja o escolhido do povo colombiano, sem intimidações”, respondeu o subsecretário.
Indagado sobre o relatório do Alto Comissariado da ONU que responsabiliza as Farc pela matança de Bojayá (ler abaixo), Chicola lembrou que os EUA as têm considerado um grupo terrorista há muitos anos. “O presidente Andrés Pastrana fez um esforço heróico para buscar uma solução negociada para o conflito, mas as Farc mostraram que não estavam preparadas para aproveitar essa oportunidade”, recordou Chicola. “São terroristas, não há dúvida”,
continuou. “Os últimos acontecimentos são apenas mais um capítulo de uma longa história de agressões contra os indefesos deste país.”
Patterson não confirmou nem negou que a aparição ao lado de Uribe represente um aval a sua candidatura. “Vamos apoiar o próximo presidente da Colômbia em seus planos”, disse. “Estamos visitando todos os candidatos.” Indagado sobre se estava feliz, Uribe abriu um sorriso eloqüente: “Temos tido uma relação muito franca e construtiva com embaixadora.”