Mercadante diz que partido não quer excluir ninguém de ‘novo período da vida nacional’
As elites tradicionais, como a do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que renunciou para evitar a cassação e agora está reeleito, terão de ser superadas na sua forma de atuar, mas devem participar do amplo pacto nacional que Luiz Inácio Lula da Silva se prepara para liderar, caso seja eleito presidente. A afirmação é do senador eleito pelo PT em São Paulo Aloizio Mercadante.
Nesse pacto, do qual ninguém seria excluído, haverá espaço também para o PSDB, garantiu o deputado federal. Durante palestra num seminário sobre crescimento econômico no Anfiteatro da
USP, Mercadante havia dito que a esquerda “não pode mais ficar sonhando e deixar a direita governar – os ACMs e Jader Barbalhos (senador que também renunciou para não ser cassado e foi reeleito pelo PMDB do Pará) da vida”.
Na saída, o Estado perguntou se ACM, cujo apoio foi buscado e obtido por Lula, deve agora ficar no banco de trás ou ser excluído. “Não queremos excluir ninguém desse novo período da vida nacional”, respondeu o deputado petista. Ele prosseguiu: “Nós queremos manter o diálogo e construir um grande acordo nacional, porque a situação econômica e social do País é grave, e é dialogando e construindo um acordo que superaremos as imensas dificuldades que aí estão”.
O senador eleito disse que o PT também quer conversar com o PSDB depois das eleições, caso as vença. “Há setores do PSDB que têm demonstrado visão crítica do que está acontecendo, que apóiam parte das teses que estamos defendendo. Aqui mesmo, no seminário, isso aconteceu”, explicou, referindo-se às críticas ao modelo de crescimento baseado em atração de investimentos externos, num estudo apresentado pelo ex-secretário de Finanças de São Paulo Yoshiaki Nakano e pelo ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira, ambos ex-integrantes de governos tucanos.
“Eles têm representação na sociedade”, argumentou Mercadante, referindo-se aos tucanos. “Lula já disse isso, que quer negociar com todos os candidatos depois da eleição, inclusive manteve relação respeitosa com todos eles.” O Brasil, continuou o senador eleito, “precisa de negociação e acordo para superar a crise e fizemos campanha pensando nisso para depois das eleições”.
À pergunta sobre se isso inclui participação no governo, Mercadante disse que vai depender do resultado das urnas, dos compromissos e negociações. “Lula escalará a seleção do Brasil com os melhores técnicos, e não pensando apenas em filiação partidária”, concluiu.