Apelidada de “Mini-Dubai”, cidade moderna atrai trabalhadores imigrantes
ERBIL, Iraque – Já no desembarque, o visitante de Erbil percebe que não está chegando a uma cidade qualquer do Iraque, ou mesmo do Oriente Médio. O moderno e imponente aeroporto não fica atrás de nenhuma cidade americana ou europeia do seu porte, de 1,5 milhão de habitantes. Quando se aproxima da cidade, o chamado “skyline”, o vidro e o aço dos edifícios prontos ou em construção, lembra uma mini-Dubai. Não por acaso, os Emirados Árabes Unidos são um dos grandes investidores do setor da construção civil de Erbil, no qual se estima que tenha injetado US$ 2 bilhões.
Outro traço que lembra as ricas monarquias do Golfo é a presença de trabalhadores indianos, paquistaneses e filipinos, ao lado dos executivos americanos e europeus das multinacionais do petróleo – Exxon Mobil, Shell e Total, entre outras. “Quando cheguei aqui, há oito anos, as ruas eram de terra”, lembra um taxista filipino, que veio de Dubai, a convite de um empresário que formou uma frota com 20 motoristas de seu país. Esses imigrantes aprendem curdo, mas não falam árabe. “Quando o Estado Islâmico estava avançando, pensamos em fugir, mas os voos foram cancelados. Mas agora não tem mais perigo: os americanos estão resolvendo.”
A autoconfiança de Erbil, abalada com o avanço dos jihadistas do Estado Islâmico, que chegaram a 40 km da cidade, foi rapidamente restaurada, com o início dos bombardeios americanos. De fato, em retrospectiva, parece bem mais difícil imaginar essa capital do Curdistão moderna, segura e limpa ocupada por militantes islâmicos radicais do que Bagdá, por exemplo, depauperada pelas sanções internacionais dos anos 90, semidestruída pela invasão de 2003 e de lá para cá duramente castigada por atentados a bomba e a ação de milícias no conflito sectário entre xiitas e sunitas.
Sob o guarda-chuva americano, Erbil recobrou, em parte, nos últimos dias, suas atividades, embora o setor do petróleo e gás e o intenso comércio com a Turquia, responsáveis por sua prosperidade, continuem praticamente paralisados.
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