As pressões contra e a favor de um acordo com a União Europeia para a Turquia aceitar de volta refugiados vão aumentar nos próximos dias. Os países balcânicos que formam um corredor entre a Grécia e a Europa Central — Macedônia, Sérvia, Croácia e Eslovênia — fecharam nas últimas horas as suas fronteiras com a Grécia. Só a Macedônia, a última a tomar a decisão, tem 40 mil imigrantes acampados ao longo de sua fronteira de 262 km com a Grécia. Por sua vez, o governo grego está tentando estimular os refugiados a deixarem os campos em seu território e avançarem rumo à Europa Central. Com as chuvas na região, aumentam os riscos de doenças contagiosas se espalharem.
Os dirigentes da UE ofereceram ao presidente da Turquia, Ahmet Davotoglu, aumentar de € 3 bilhões para € 4,2 bilhões a ajuda ao governo turco, para o país absorver mais refugiados. A Turquia já é de longe o país que mais abriga refugiados sírios: quase 3 milhões (4% de sua população), do total de 4,7 milhões.
Pelo acordo, a UE acolheria um refugiado vindo da Turquia para cada um proveniente da Grécia que os turcos reabsorvessem. Em troca, o bloco também facilitaria os vistos para cidadãos turcos. O acordo, que ainda precisa ser aprovado em reunião de cúpula da UE nos dias 17 e 18, é visto como um primeiro passo para a retomada das negociações sobre a entrada da Turquia no bloco, abandonadas no fim da década passada por causa da resistência de alguns países membros, tendo à frente o então presidente francês Nicolas Sarkozy.
Ironicamente, o principal pretexto para o bloqueio da Turquia foi a sua resistência em reconhecer o Chipre grego, incluído às pressas no bloco, com apoio da Grécia. A repentina onda de imigrantes chegando à Europa pelo mar, que só nos primeiros dois meses deste ano somam 132 mil, trouxe um incentivo para um acordo que interessa tanto à Grécia quanto à Turquia. Mas segue havendo na Europa muita resistência em integrar um país muçulmano, que ainda por cima faz fronteira com a Síria e o Iraque em guerra. Esse debate vai opor nacionalistas e pró-europeus no bloco, e seu desfecho influirá no resultado do referendo do dia 23 de junho na Grã-Bretanha, sobre continuar ou sair da UE.
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