Eles deveriam assinar documento em Porto Alegre , mas palestinos abandonaram cerimônia
PORTO ALEGRE – Pacifistas judeus e palestinos deram ontem uma amostra do quanto é difícil se chegar a qualquer tipo de acordo entre eles. A imprensa foi chamada para um evento no qual eles assinariam uma carta em favor da paz. Quando o evento começou, cerca de dez palestinos, liderados pelo representante da Autoridade Palestina em Brasília, Musa Odeh, retiraram-se ruidosamente, convidando a oradora palestina, Lana Nusseiba, a sair também. Lana continuou sentada à mesa.
A pacifista judia Galia Golan, fundadora do movimento Paz Agora, que estava à mesa, pediu que todos se levantassem em sinal de luto pelos palestinos mortos, mas isso não bastou para que os palestinos ficassem. “Estamos saindo em respeito aos 15 palestinos mortos hoje (ontem) de manhã na Faixa de Gaza”, explicou Odeh, que tem status de embaixador, acrescentando que outras 55 pessoas haviam ficado feridas e 45 casas e lojas, destruídas.
Perguntado sobre a carta, Emir Mourad, representante da Autoridade Palestina em São Paulo, respondeu: “Não existe carta nenhuma.” Aparentemente, os palestinos não tinham sido informados desse detalhe.
Lá dentro, Lana, graduada em Cambridge, explicava, em inglês, por que havia ficado. “Não creio que esse evento deva ser suspenso, discordo de que as pessoas parem de negociar quando se comete violência contra qualquer um dos lados”, disse ela, sob os aplausos da platéia. Lana, no entanto, visivelmente consternada, pediu desculpas por abreviar seu relato da situação dos palestinos, “em respeito aos mortos”.
“Tivemos hoje aqui uma idéia da realidade na nossa região”, disse Galia. “Isso é o que acontece no nosso dia-a-dia. A violência está tentando controlar nossas vidas. Essas forças do mal não pararão nossos esforços. Em homenagem aos mortos, devemos seguir adiante em busca de um diálogo para alcançar a paz.”