O ex-presidente português o compara a Gandhi e Luther King
PORTO ALEGRE – A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva representa “o fim do cinismo na política”. A afirmação é do deputado socialista Mário Soares, ex-presidente de Portugal, que comparou Lula a Mahatma Gandhi e a Martin Luther King, como líderes que conseguiram fazer transformações de modo não violento.
Para Soares, a vitória de Lula é ainda mais significativa do que a eleição do socialista francês François Mitterrand, em 1981, que, depois de perder em 1974, venceria por duas vezes consecutivas, exercendo dois mandatos de sete anos. “A mensagem de Lula é ainda mais universal do que a de Mitterrand”, disse Soares, hoje deputado do Parlamento Europeu. “É a afirmação de que é possível acreditar nas grandes causas.”
À pergunta sobre se ele acredita que a esquerda mundial poderia trilhar o mesmo caminho que o PT, Soares, que foi presidente da Internacional Socialista, respondeu: “Se eu não acreditasse, não estaria aqui.” O ex-presidente português rejeitou, porém, a idéia de que a esquerda se una à direita para chegar ao poder. Para Soares, é a direita que tenta fazer crer que não há diferença fundamental entre ela e a esquerda. “Quando a esquerda vai ao poder, faz políticas de esquerda e a direita, de direita.”
Prefeitos – Ele deu entrevista coletiva ao lado dos prefeitos de São Paulo, Marta Suplicy, e de Buenos Aires, Aníbal Ibarra, no segundo e último dia do Fórum das Autoridades Locais. Ibarra reconheceu que a aliança com a centro-direita foi boa para o PT, mas ponderou que “cada país e força política têm sua própria realidade”.
O prefeito de Buenos Aires salientou que, enquanto Lula se aproximou dos 50% dos votos já no primeiro turno, na Argentina, por causa da “falta de liderança”, a menos de quatro meses da eleição presidencial, o candidato mais forte nas pesquisas – o peronista Nestor Kirchner – está na casa dos 16%. Outro peronista, Adolfo Rodríguez Sáa, vem logo em seguida, com cerca de 14%. Em terceiro, a candidata de esquerda Elisa Carrió, da Afirmação por uma República Igualitária (ARI), com cerca de 12%, seguida por mais um peronista, o ex-presidente Carlos Menem.