Presidente visitou centro de profissionalização assistido pelo Brasil na periferia de Luanda
LUANDA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se emocionou ontem, ao visitar um centro de formação profissional assistido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Cazenga, o bairro mais populoso e um dos mais pobres de Luanda. Na entrada do prédio, foi colocado um mural com duas fotos dele, aos 15 anos, na época em que estudava no Senai para ser torneiro mecânico.
“Esse era o Tomazelli, e esse o Alemão”, ia apontando Lula, reconhecendo os colegas de curso. “Esse era o professor Bibiano. Ele era metido a cantor. De vez em quando cantava músicas em italiano.” O presidente garantiu que era um bom torneiro mecânico.
“O Senai foi a porta de tudo o que aconteceu para mim depois”, reconheceu Lula. “Porque se eu não tivesse aprendido uma profissão, não sei se estaria agora falando com vocês.” Lula disse estar convencido de que “a vida do menino ou menina que tiver acesso a uma escola como essa mudará da água para o vinho”. À pergunta se dali poderia sair um presidente, Lula sorriu: “Deus queira que sim.”
Desde 1999, o Senai ajuda a formar mil jovens angolanos por semestre, para trabalhar em construção civil, eletricidade, confecção, mecânica e conserto de eletrodomésticos. O projeto custa US$ 4 milhões.
De acordo com Luiz Adelar Scheuer, conselheiro do Senai, que, como ex-diretor-executivo da Mercedes-Benz, costumava negociar com o sindicalista Lula, a idéia é “transmitir conhecimentos para que os angolanos aprendam a fazer as coisas aqui”.
Depois de três décadas de guerra civil, terminada no ano passado, praticamente tudo em Angola é importado porque os angolanos não têm capacitação profissional quase nenhuma. Até mesmo tábuas vêm do Brasil.
Onze alunos receberam Lula vestindo o uniforme do Corinthians, o time do presidente, que fez duas embaixadas, antes de chutar a bola. De lá, Lula seguiu para o aeroporto, onde participou da assinatura de convênios e de entrevista coletiva com o presidente angolano, José Eduardo dos Santos.
Lula e sua comitiva de dez ministros e dois secretários embarcaram para Maputo, capital de Moçambique, aonde chegaram às 18h (14h em Brasília). Recebidos no aeroporto por um grupo de dança folclórica, Lula e a primeira-dama Marisa Letícia ensaiaram uns passos. À noite, o presidente visitou o Centro de Estudos Brasileiros de Maputo.
Moçambique é a terceira escala na viagem de uma semana de Lula pela África. Ele começou por São Tomé e Príncipe, no domingo, seguiu para Angola, fica em Moçambique até amanhã e depois vai para Namíbia e África do Sul.
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