Novo presidente do Peru diz que vai cumprir os contratos e reativar a economia
LIMA – O presidente eleito do Peru, Alejandro Toledo, reafirmou seu compromisso com a disciplina fiscal, a estabilidade monetária e o cumprimento dos contratos, como pressupostos da atração de investimentos e da reativação da economia. Em sua primeira entrevista coletiva como candidato eleito, na madrugada de ontem, Toledo disse que esse seria um dos pilares de seu governo, ao lado da reconciliação com as outras forças políticas, em nome da governabilidade do país, e da reconstrução do Judiciário, desmantelado pelo ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000).
Toledo venceu o segundo turno, no domingo, com 45,5% dos votos, enquanto Alan García, do Partido Aprista, de esquerda, recebeu 41,2%. Os votos nulos foram 10,8% e os brancos, 2,5%. Dos votos válidos, Toledo teve 52,5% e a abstenção atingiu 17%.
“Estivemos em Nova York e Washington e felizmente os bancos de investimentos encontram em nosso programa e na equipe econômica chefiada por Pedro Pablo Kuczynski (o próximo ministro da Economia) uma enorme credibilidade”, festejou Toledo.
O mercado o confirmaria horas depois. O sol valorizou-se 1% frente ao dólar, a Bolsa de Valores de Lima bateu o recorde do ano, fechando em alta de 3,71%, e os títulos da dívida peruana subiram 4 pontos.
“Toledo é um candidato muito mais amigável para o mercado”, atestou Aurelio Díaz Pro, analista do Banco Wiese Sudameris S.A.B.
Toledo anunciou que, antes de tomar posse, dia 28 de julho, fará um “giro pelo mundo para atrair capitais”. Nos primeiros cinco meses deste ano, o PIB peruano encolheu 2,5% e a indústria opera com 50% de sua capacidade instalada. A desaceleração provocou queda de 30% das exportações do Brasil para o Peru, que somaram US$ 353 milhões em 2000.
“Seguiremos uma política fiscal e monetária absolutamente disciplinada”, assegurou Toledo, doutor em economia pela Universidade da Califórnia em Stanford. “Não quero levar meu país à hiperinflação.” Toledo declarou-se “partidário de uma integração regional aberta” e comprometeu-se a “dinamizar a Comunidade Andina, que desempenha um papel enorme, e isso não exclui participar do Mercosul e diretamente da Alca (Área de Livre Comércio das Américas)”.
O governo brasileiro apressou-se a estabelecer contato. O embaixador em Lima, José Viegas Filho, foi a segunda autoridade recebida ontem por Toledo em sua casa, às 13h locais (15h em Brasília), depois do chefe da Missão de Observação da Organização dos Estados Americanos, Eduardo Stein