ASSUNÇÃO – Depois de um fim de semana de intensas consultas com o presidente Juan Carlos Wasmosy e os principais líderes da oposição, a Igreja entra hoje em cena para tentar mediar uma solução para a crise no Paraguai.
Os analistas políticos em Assunção são unânimes em afirmar que os próximos dias serão decisivos.
A Conferência Episcopal Paraguaia formou uma comissão especial, composta de três bispos, que tentará promover um encontro entre Wasmosy, os dirigentes rivais dentro do Partido Colorado e os líderes da oposição. A iniciativa é vista como a última chance para uma saída negociada. Os bispos redigirão um documento sobre a situação e apresentarão recomendações para solucionar o impasse.
A crise começou em setembro, quando o general da reserva Lino Oviedo venceu as eleições internas do Partido Colorado, tornando-se o candidato à presidência. Oviedo, líder populista, com grande apelo nas bases e fora das Forças Armadas, foi acusado pelo presidente Wasmosy de liderar uma tentativa de golpe militar, em abril de 1996. Um tribunal militar, criado por Wasmosy para julgar Oviedo, condenou o general a 10 anos de prisão na semana retrasada.
Wasmosy fez um acordo com um líder rival dentro do partido, Luis María Argaña. Argumentando que os colorados tinham ficado sem candidato, o presidente passou a promover uma nova chapa, encabeçada pelo candidato a vice de Oviedo, Raúl Cubas, e tendo como vice Argaña, que ficara em segundo lugar nas eleições internas. O problema é que o prazo para inscrição de candidatos encerrou-se e a Justiça Eleitoral não aceita nova inscrição.
Enquanto Wasmosy trabalha pelo adiamento das eleições, seu agora arquiinimigo, Oviedo, detido na Divisão de Infantaria, em Tacumbú, tenta obter, na Corte Suprema, a anulação da sentença.