Calderón reúne 35 mil partidários e celebra vitória

‘Confronto ficou para trás, nossos adversários pertencem ao passado’, discursou na Cidade do México

CIDADE DO MÉXICO – Se o problema é colocar gente na rua…, pareceu ter sido ontem a mensagem do presidente eleito, Felipe Calderón. A máquina do seu Partido Ação Nacional foi a campo e trouxe milhares de militantes do interior, para finalmente celebrar a vitória na eleição de 2 de julho.

Com a Praça da Constituição, epicentro das manifestações cívicas, tomada pelos adversários, Calderón reuniu seus correligionários na Praça de Touros México, a maior do mundo, com capacidade para 40 mil pessoas. Estima-se que havia ali 35 mil, entre os correligionários trazidos em ônibus pelo partido e moradores da capital, incluindo simpatizantes de classe média e alta.

“A confrontação ficou para trás, terminou o 2 de julho”, discursou Calderón. “Nossos adversários já pertencem ao passado. Derrotamos o passado, que ameaçava o México com uma amarga confrontação, com ódio e rancor. Frente a esse passado de violência, que despreza a lei e agride as instituições, ganhou o México das instituições, ganhou a democracia.”

O presidente eleito, cuja posse está marcada para 1.º de dezembro, voltou a convidar a oposição para um governo de união nacional, sobre a palataforma da “luta contra a pobreza, o resgate da segurança pública e a criação de empregos”.

“Ele é bem preparado, será bom para nossa economia, é humano e une a família”, enumerou Silvia Aguirre, de 49 anos, professora primária em Guadalajara, que enfrentou oito horas de viagem na noite de sábado para domingo, num ônibus fretado pelo deputado Bernardo Guzmán, do PAN.

Terminada a manifestação, às 13h, ela se preparava para encarar mais oito horas de viagem de volta.

“Era preciso uma mudança”, disse Juan Sandoval, de 78 anos, um supervisor de cargas aposentado e militante do PAN em Jocotitlán, no Estado do México. “Já se cometeram muitas besteiras no México”, disse ele. “Todos os perredistas são priistas renegados”, completou Sandoval, numa referência ao Partido da Revolução Democrática, de Andrés Manuel López Obrador, que aderiu à agremiação no fim dos anos 80 depois de deixar o Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México por 71 anos.

 

PELA PAZ

No total, três Méxicos saíram às ruas na manhã ensolarada de domingo. Além da “assembléia informativa” de López Obrador e da celebração da vitória de Calderón, houve também uma manifestação apartidária em favor “da união, da paz e da concórdia”. Centenas de pessoas, muitas delas vestidas de branco, reuniram-se ao longo da calçada da Avenida Insurgentes, uma das mais importantes da Cidade do México, deram-se as mãos e cantaram o hino nacional.

“Por que nos confrontarmos, se todos somos mexicanos?”, perguntava um cartaz distribuído durante o ato, promovido por uma frente apoiadas por sindicatos, empresários, conselhos de profissionais liberais, grupos da Igreja e organizações não-governamentais, chamada Sociedade em Movimento. “Não nos dividamos! O México é um só!” O ato ocorreu também em outras cidades. Apesar de seu caráter independente, o movimento favorece Calderón, já que seus organizadores argumentam que “os votos já foram contados um por um, urna por urna”, como quer López Obrador.

Além da suposta fraude na contagem de votos, a oposição reclama também da ingerência do presidente Vicente Fox, que advertiu que não se devia “trocar de cavaleiro no meio do rio”, e que o país devia evitar seguir “por esse caminho”, quando López Obrador encabeçava as pesquisas com folgada margem. Os oposicionistas denunciaram ainda comerciais de TV pró-Calderón financiados por grupos empresariais, o que também é contra a lei. Em decisão anunciada na terça-feira, o Tribunal Eleitoral Federal reconheceu as irregularidades na campanha, mas concluiu que elas não justificavam a anulação do pleito.

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