Os algoritmos do Facebook criaram um placar de credibilidade para os usuários. A ferramenta, revelada nesta terça-feira por Tessa Lyons, gerente de produtos do Facebook, é parte dos esforços da plataforma de combater as notícias falsas.
O Twitter está usando uma ferramenta semelhante: seus algoritmos analisam os seguidores e seguidos por um perfil, antes de distribuir seus tuítes.
As duas plataformas vivem um dilema. De um lado, desejam dissociar suas marcas das notícias falsas e outras interferências e manipulações, como as ocorridas nas eleições americanas de 2016. De outro, tentam manter a sua “neutralidade”.
“Não somos árbitros da verdade”, repetiram nessa segunda-feira Rebeca Garcia e Fernando Galo, gerentes de políticas públicas respectivamente do Facebook e do Twitter no Brasil, em debate no escritório de advocacia Pinheiro Neto, do qual as empresas são clientes, em São Paulo.
O Facebook fez parcerias com o serviço de checagem de informações da France Presse e com as agências Lupa e Aos Fatos, que verificam se conteúdos publicados são verdadeiros ou falsos. Sendo falsos, os usuários que tentam compartilhá-los são avisados. Se quiserem publicar mesmo assim nos seus perfis, não são impedidos. Já o impulsionamento pago em páginas é bloqueado.
O número de pessoas trabalhando com a segurança da informação no Facebook em todo o mundo dobrou de 10 mil, há dois anos, para 20 mil, disse Garcia. Mas só são removidas contas que violam as políticas da empresa, como o uso de perfis e páginas falsos. “Desinformação não viola nossas políticas”, explicou a gerente.
O Twitter “desafia” contas suspeitas, verificando automaticamente se elas são ações de robôs. Para isso, usa uma imagem de Captcha ou pede o celular do usuário.
Segundo Galo, em setembro do ano passado foram desafiadas 3,2 milhões de contas por semana; em dezembro, 6,4 milhões; em maio deste ano, 9,9 milhões. Como resultado, as denúncias diárias caíram de 25 mil em março para 17 mil em maio.
Pela nova lei eleitoral, partidos e candidatos poderão impulsionar conteúdos nessas plataformas, desde que informem, nos anúncios, o CPF ou CNPJ do responsável. Já em TV, rádio, jornal e revista, a propaganda paga continua proibida.
Desde o início da campanha eleitoral na quinta-feira, dia 16, já havia, na manhã de segunda-feira, 180 representações eleitorais contra o Facebook no Brasil, informou a advogada do escritório que defende a empresa.
“Somos o jurisdicionado atípico mais frequente na Justiça Eleitoral, com 5 mil ordens judiciais”, contabilizou a gerente do Facebook. As plataformas consideram que não são responsáveis pelo conteúdo que distribuem. Mas essa não é a percepção de muitos usuários, que acreditam ter lido “no” Facebook ou “no” Twitter.
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