Roteiro populista

Mitsotakis (esq.) foi recebido pelo ex-primeiro-ministro Alexis Tsipras, político de esquerda que desvinculou o país dos empréstimos, mas foi responsabilizado por fracassar nas negociações com os credores Foto: Thanassis Stavrakis / AP

Berço da democracia, a Grécia foi a precursora da atual onda de populismo na Europa, com a eleição, em 2015, do primeiro-ministro Alexis Tsipras, do movimento Coalizão da Esquerda Radical (Syriza). No último domingo, os gregos puseram fim a esse experimento, trazendo de volta a Nova Democracia, de centro-direita. Os eleitores chegaram a uma conclusão óbvia: se é para seguir as regras da economia, então pelo menos que seja com alguém que não briga com elas.

As expressões mais visíveis do populismo são a valorização da intuição em detrimento da técnica e a confusão entre o público e o privado, ambas apresentadas na forma de boa vontade, irreverência, despojamento e proximidade com as pessoas comuns.
Por mais simpático – ou simplório – que seja um filho do presidente se dizer pronto para ser embaixador em Washington porque fez intercâmbio e fritou hambúrgueres nos Estados Unidos, será essa a escolha tecnicamente melhor, para o Brasil?
Foi emblemática a decisão de uma corte de apelações americana, segundo a qual o presidente Donald Trump não pode bloquear seguidores do seu perfil no Twitter, já que ele utiliza a rede social para divulgar suas ações de governo. Um presidente não é um cidadão comum. O mundo não é simples e as aparências enganam.

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