Confederação Internacional de Sindicatos Livres defende ‘reorientação’ dos subsídios
JOHANNESBURG – Representantes de centrais sindicais do Brasil e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) defenderam os mesmos princípios numa entrevista coletiva em Johannesburgo, reforçando a sensação de que, em muitos pontos, o Brasil está mais próximo da União Européia do que o bloco que o representa nas reuniões da ONU, o G-77, grupo de 133 países em desenvolvimento.
O especialista em saúde e segurança da Confederação Internacional de Sindicatos Livres, Lucien Royer, assegurou que há um consenso entre as centrais sindicais dos países desenvolvidos em favor de um alívio da dívida externa e aumento da ajuda financeira aos países pobres, da “reorientação” dos subsídios agrícolas e do cumprimento, por parte das transnacionais, dos padrões trabalhistas e ambientais fixados pelos tratados internacionais. Segundo Evans, essas centrais reivindicam que os governos observem esses princípios ao conceder créditos às empresas.
O consultor de saúde, questões trabalhistas e meio ambiente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Nilton Freitas, também defendeu os padrões da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o respeito às regras ambientais. Freitas disse que a Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU considera a regulamentação brasileira do uso do benzeno na indústria, por exemplo, “um modelo”. O consultor elogiou o empenho do governo brasileiro em defender os direitos trabalhistas e a importância do tema do emprego na cúpula de Johannesburgo.
O discurso de Freitas, assim como o de Royer, contrasta com o de alguns países membros do G-77. Segundo Freitas, países como a China, a Índia e o Egito apoiam a condenação do trabalho infantil e escravo, mas não concordam com a defesa da livre organização sindical e outros direitos trabalhistas. O argumento é o de que esses expedientes são “impostos pelos países ricos” como pretexto para adotar medidas protecionistas contra aqueles que não os cumprem. “Estou tendo mais trabalho dentro do G-77 do que fora dele”, disse ao Estado o representante da CUT.
Essas discordâncias motivaram um incidente no sábado, numa reunião plenária dos negociadores. A coordenação do G-77, a cargo da Venezuela, defendeu a supressão de um parágrafo do Plano de Implementação da Agenda 21 que estabelecia a obediência dos padrões da OIT. A Argentina, com apoio do Brasil, manifestou-se contra a posição da coordenação, que supostamente deveria falar em nome de todos os integrantes do G-77 perante os outros blocos.
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