País é visto pelo Brasil como porta de entrada para União Aduaneira da África Austral
WINDHOEK, Namíbia – Dos cinco países que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita nessa viagem de sete dias por cinco países africanos, o único com um mercado de consumo efetivamente atraente é a África do Sul. Um dos setores em que o Brasil pretende ganhar uma fatia é o de carros populares. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) reúne-se hoje em Brasília para discutir o potencial desse mercado.
A BMW e Mercedes-Benz estão instaladas no país, e resistem à idéia da entrada de automóveis brasileiros. Depois de décadas de segregação racial, costuma ter carro na África do Sul quem tem alto poder aquisitivo. Pela mesma razão, o transporte público é precário. A fábrica de ônibus brasileira Marcopolo já entrou no mercado sul-africano, de ontem distribui seus veículos para o resto da África.
O mercado do país não é o único atrativo, explica o embaixador Mário Villalva, diretor do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty. A África do Sul faz parte da União Aduaneira da África Austral (Sacu), junto com a Namíbia, Suazilândia, Lesoto e Botswana. Além disso, uma rede de ferrovias, portos e hidrovias liga esses países. “As empresas brasileiras que se instalarem na África do Sul terão acesso a vários mercados.”
Tradicional produtora de ouro, diamante, carvão, urânio, gás natural, entre outros, com uma indústria sofisticada, a África do Sul não necessita da assistência do Brasil para organizar sua produção mineral, como acontece com São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique e Namíbia, os outros países que Lula visitou. Mas a Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) vai cooperar com os sul-africanos na solução de problemas ambientais, causados pelo uso do mercúrio no garimpo de ouro.
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