Programa faz parte de 13 convênios firmados ontem em Maputo, incluindo alfabetização de adultos
MAPUTO, Moçambique – Cem pacientes com aids em Moçambique começam hoje a ser tratados com oito medicamentos anti-retrovirais doados pelo Brasil, e sob a supervisão de médicos brasileiros. O programa será inaugurado no Hospital de Dia, de Maputo, capital do país, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Saúde, Humberto Costa.
O Brasil já proporciona esse tipo de assistência em dez países da África e da América do Sul e Central, atendendo cem pacientes em cada um deles. O ministro admitiu que o número de pacientes é pequeno, mas explicou que a finalidade do programa é dar aos profissionais desses países experiência com o manejo desses medicamentos, que geram resistências nos organismos dos pacientes. Os oito remédios são de tipo genérico, desenvolvidos antes da aprovação da Lei de Patentes. Cerca de 13% dos moçambicanos, ou 2 milhões de pessoas, estão infectados com o vírus da aids.
O programa faz parte de 13 convênios firmados ontem entre Brasil e Moçambique em diversas áreas. Ainda na área de saúde, o Brasil também vai ajudar Moçambique a montar uma fábrica de remédios genéricos. Técnicos do laboratório Farmanguinhos, da Fundação Osvaldo Cruz, vieram em julho para elaborar o projeto.
De acordo com Humberto Costa, estão sendo examinadas três possibilidades: usar o resíduo da dívida que Moçambique tem com o Brasil para investir na construção de uma fábrica estatal, ao custo de US$ 23 milhões; uma empresa privada brasileira montar a fábrica, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); ou uma empresa de um terceiro país instalar-se em Moçambique, com apoio técnico do Brasil.
Os convênios firmados ontem incluem também a prorrogação de um projeto de alfabetização de jovens e adultos. Com ajuda do Brasil, já foram capacitados 240 professores moçambicanos, que alfabetizaram cerca de 7 mil adultos. Nova missão de técnicos do Ministério da Educação chega na segunda-feira a Maputo, para dar continuidade ao programa. Será ampliado também o Projeto Bolsa-Escola, que já beneficiou 100 famílias, e agora passará a atender outras 300.
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