Presidente de São Tomé não esconde frustração com o fato de empresários terem ‘pulado’ seu país na viagem à África
SÃO TOMÉ, São Tomé e Princípe – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem o caráter predominantemente “assistencialista” da missão a São Tomé e Príncipe. “Não é pouca coisa cuidar de assistência social num mundo que necessita de assistência”, justificou Lula, sob aplausos do presidente de São Tomé, Fradique Menezes, e de seus ministros.
Brasil e São Tomé e Príncipe firmaram sete acordos de cooperação nas áreas de saúde, educação, agricultura, esportes e petróleo. Entre os integrantes da comitiva, que chegou ontem às 8h45 a São Tomé e Príncipe (10h45 em Brasília), estão os ministros da Saúde, Humberto Costa, da Educação, Cristovam Buarque, da Segurança Alimentar, José Graziano, dos Esportes, Agnelo Queiroz, da Assistência Social, Benedita da Silva, da Cultura, Gilberto Gil, da Ciência Tecnologia, Roberto Amaral e das Relações Exteriores, Celso Amorim Também vieram os secretários de Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, e da Aquicultura e Pesca, José Fritsch.
De acordo com Lula, estava prevista a vinda do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a Angola, a segunda escala nesse giro de uma semana por cinco países da África, mas o presidente pediu que ele ficasse “porque tem coisas para fazer no Brasil”. Vieram os que assinariam acordos com os países visitados. Segundo Lula, ministros como o da Saúde e da Educação devem visitar “não a Europa, mas países mais carentes” que o Brasil, “na América Latina e na África”, onde os brasileiros podem ser úteis.
Os acordos firmados ontem incluem a ampliação dos programas Bolsa-Escola e Alfabetização Solidária, que já estão em execução desde o ano passado em São Tomé e Príncipe, um dos países mais pobres da África, com recursos provenientes do perdão de sua dívida.
Segundo Graziano, São Tomé e os outros países que serão visitados demonstraram interesse em saber mais sobre o Programa Fome Zero. Em São Tomé, algumas lavouras extensivas de cacau, base da economia da ilha, estão sendo substituídas por cultivos de hortaliças, como parte de um programa de reforma agrária que converteu 15 grandes fazendas estatais em 9 mil propriedades pequenas e 140 médias. “Esse programa tem o nosso apoio”, disse Graziano, acrescentando que a Embrapa prestará assistência técnica aos países africanos.
Embora contente com tudo isso, o presidente Fradique Menezes, o maior produtor e comercializador de cacau e café da ilha, não escondeu, em conversa com os jornalistas, sua frustração com o fato de a delegação de 160 empresários brasileiros ter pulado seu país no giro pelo continente. Capitaneados pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, os empresários foram direto para Luanda.
O presidente Lula consolou os são-tomenses, anunciando para o início do ano que vem a vinda de uma delegação de empresárioss brasileiros. “Eles foram para os outros países porque já existe relação empresarial com eles”, explicou. O único empresário que veio a São Tomé foi Emílio Odebrecht, dono de uma das maiores construtoras do Brasil, que viaja no avião de Lula.
O presidente e comitiva decolaram às 17h25 (15h25 em Brasília) para Luanda, onde permanecem hoje e amanhã. Depois, seguem para Moçambique, Namíbia e África do Sul.
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