Ingresso de dinheiro deve reativar a economia haitiana

Com porto destruído e bancos e lojas fechados, preços dobraram

PORTO PRÍNCIPE – Passados o primeiro choque causado pelo terremoto do dia 12 e os esforços para retirar sobreviventes dos escombros, o governo haitiano e a comunidade internacional passam a um segundo estágio, de tentar fazer a economia do país voltar a funcionar, para reduzir a dependência da ajuda humanitária e facilitar a mobilização de recursos para a reconstrução do país.

Os bancos comerciais estão sendo reabertos para que os correntistas possam sacar dinheiro para atender as próprias necessidades. Algumas agências de transferência de dinheiro – pelo menos as que não foram destruídas pelo terremoto – voltaram a funcionar a partir de quinta-feira, injetando dinheiro na economia. O envio de dinheiro por parentes no exterior é uma das principais fontes de receita no Haiti. O ministro das Finanças, Ronald Baudin, anunciou que o Banco Central voltará a funcionar na segunda-feira.

O presidente René Préval firmou ontem com o chanceler da República Dominicana, Carlos Morales Troncoso, um acordo de passagem livre dos produtos entre os dois países vizinhos, sem barreiras alfandegárias. A destruição do porto pelo terremoto tornou a fronteira dominicana a principal saída e entrada de produtos do e para o Haiti, que divide com ela a Ilha Hispaniola.

Daniel Dorsainvil, ex-ministro das Finanças, calcula que o terremoto causou uma perda equivalente a metade do Produto Interno Bruto do Haiti. As dificuldades causadas pela falta de dinheiro e pelos prejuízos materiais são agravadas pelo desabastecimento, que causou a duplicação dos preços. O galão (3,5 litros) de gasolina subiu de 200 gourdes (US$ 5) para 400 gourdes (US$ 10), provocando o aumento dos preços dos transportes. Os tradicionais tap tap, um lotação montado sobre a carroceria de camionetes, passaram a cobrar 25 gourdes (US$ 0,62) por trajetos na cidade que antes custavam 10 gourdes (US$ 0,25). O quilo do arroz saltou de 23 gourdes (US$ 0,57) para 45 gourdes (US$ 1,12). São preços muito altos, para um país em que 80% da população estava desempregada, antes do terremoto.

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