Assessor de McCain para a América Latina reitera que eleição de republicano favoreceria mais a região
SAINT-PAUL, EUA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma prova de que os Estados Unidos estão prontos para conversar com governantes de esquerda. E um futuro governo de John McCain reativaria as negociações comerciais com a América Latina, ao contrário do que faria Barack Obama, que não acredita em livre comércio. Foi o que afirmou ontem Otto Reich, ex-secretário-assistente de Estado para a América Latina no governo de George Bush e assessor de McCain, respondendo a duas perguntas do Estado, durante entrevista coletiva.
“O presidente Lula é um exemplo de como os Estados Unidos reagem de forma diferente diante de diferentes líderes”, afirmou Reich, considerado um linha-dura na política externa, sobretudo com relação a Cuba e à Venezuela de Hugo Chávez. “Eu era secretário-assistente de Estado durante a primeira campanha de Lula, e me disseram que não podíamos deixá-lo ser presidente. Respondi que não votava no Brasil, que para nós o importante é que o presidente fosse eleito democraticamente, e que, se fosse Lula, nós tentaríamos trabalhar com ele. E, quer saber? Trabalhamos com ele.”
“Discordamos em alguns assuntos, como comércio, mas de maneira amigável, assim como discordamos dos alemães, dos franceses ou dos canadenses”, sublinhou Reich, referindo-se ao fracasso das negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas e, mais recentemente, da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio.
“O comércio é uma das áreas de contraste marcado entre McCain e Obama”, disse Reich. “McCain sempre foi a favor de mais livre comércio, de abertura do nosso mercado e também dos outros países”, sublinhou. “Obama é contra os acordos de livre comércio e cede às pressões daqueles que acham que o comércio elimina empregos nos EUA.” Segundo Reich, os republicanos acreditam que o comércio gera empregos tanto nos países latino-americanos quanto nos próprios Estados Unidos.
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