Chanceler também vai ao Suriname, onde assinará acordos de extradição e de imigração
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, lança hoje no Haiti três programas de ajuda para incrementar a alimentação no país. O maior proverá merenda escolar para 35 mil crianças ao longo de 2005. Será custeado pelo Banco Mundial, que entrará com US$ 789 mil, e pelo governo brasileiro, que dará US$ 300 mil.
Amorim também entregará 200 dos 15 mil kits de material escolar que serão doados a alunos carentes. A entrega será numa escola chamada Duque de Caxias, reformada com ajuda de militares brasileiros. Bolsas e cadernos trazem mapas e bandeiras do Brasil e do Haiti, com a divisa da Brigada Brasileira no país, “Unidos pela paz”. Com 1.200 militares, o Brasil comanda a força multinacional de 6 mil homens no Haiti.
Em outros dois programas financiados exclusivamente pelo Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vai capacitar agricultores e introduzir novas variedades para a produção de mandioca e castanha do caju. Em visita anterior ao Haiti, técnicos da Embrapa constataram que o volume da produção total de castanha de caju no país equivale ao de uma fazenda média no Ceará. Portanto, uma ajuda nessa área pode fazer grande diferença. Será introduzido o cajueiro anão precoce, desenvolvido pela Embrapa. Para a mandioca, serão destinados US$ 119.400 ao longo de dez meses; para a castanha, US$ 121.680, durante dois anos e três meses.
Além de visitar as tropas brasileiras da força de paz, Amorim se reunirá com o presidente Boniface Alexandre e o primeiro-ministro Gérard Latortue, ambos interinos, instalados depois da queda do presidente Jean-Bertrand Aristide, em fevereiro. Há eleições programadas para o fim do ano que vem. Amorim deve se reunir também com representantes da oposição, que apoiavam o governo de Aristide. Exilado na África do Sul, Aristide denuncia sua remoção do poder como “golpe de Estado” patrocinado pelos Estados Unidos.
No fim da tarde, o chanceler viaja para Paramaribo, para preparar a visita ao Suriname do presidente Lula, em fevereiro, na reunião de cúpula da Comunidade Caribenha. Depois do acordo fechado entre Mercosul e Comunidade Andina em outubro, faltam apenas Suriname, Guiana e Guiana Francesa (departamento ultramarino da França) para formar uma área de livre comércio em toda a América do Sul, ambição do governo Lula.
Amorim assinará com o presidente Runaldo Ronald Venetiaan um tratado de extradição, para reforçar o combate ao crime organizado. O Suriname é uma conexão internacional do tráfico de drogas e do contrabando de armas, usada por narcotraficantes brasileiros, além de ser um dos destinos das redes de aliciamento de prostitutas brasileiras. Será assinado também um acordo de migração, para regularizar a situação de brasileiros que trabalham no Suriname. O chanceler voltará amanhã à noite a Brasília.