Antes que seja tarde

O modelo para o Brasil não é a Índia, mas a Irlanda, acredita Eduardo da Costa. O governo irlandês oferece US$ 1 de financiamento por cada US$ 1 de salário pago no setor e assiste as empresas na capacitação de mão-de-obra.

 

No Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social tem linha de crédito para as pequenas empresas. A Secretaria de Política de Informática procura capacitá-las a atrair capital de risco e a obter níveis adequados de CMM (Capability Maturity Model), a certificação do setor. A Lei de Informática prevê, também, isenções de IPI em troca de investimento em pesquisa e desenvolvimento e a prioridade para empresas nacionais nas compras do governo, que ainda precisa ser regulamentada.

Para Eratóstenes Araújo, diretor do Softex, o que falta é uma harmonia de políticas do governo. Ele cita como prova a linha de crédito aberta na semana passada pelo Banco do Brasil para seus clientes comprarem software da alemã SAP, que revoltou as companhias nacionais. O diretor comercial do banco, Antonio Francisco de Lima Neto, garante que a instituição está aberta a parcerias com empresas nacionais.

De acordo com Silvio Meira, a política de software não deveria estar confinada no Ministério da Ciência e Tecnologia, mas ser um esforço de todo o governo. “Ainda não articulamos um conceito de como atuar firmemente no software”, reconhece Benjamin Sicsú, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Ele acha que o País deve se preparar para a convergência hardware-software. “O Brasil quer exportar muita TV digital, que leve consigo software de interatividade”, exemplifica.

Um dos segmentos mais promissores, no Brasil, é o do software para bancos, com a experiência do setor em assimilar reviravoltas. Entretanto, as empresas dos dois maiores bancos do País – a Scopus, do Bradesco, e a Itautec, do Itaú -, que teriam dinheiro para financiar operações no exterior, estão voltadas para seus clientes principais e para o mercado interno. “Ele não está esgotado”, observa Wagner Gomes, gerente de Marketing da Scopus.

João Lo Ré Chagas, responsável pela área de Apoio Mercadológico de Automoções Bancárias da Itautec, acredita que as vendas no exterior possam ser conseqüência natural da atuação no mercado interno. Por exemplo, quando executivos da matriz holandesa vierem conhecer o sistema que eles implantaram no ABN Amro Bank do Brasil. É o chamado efeito-demonstração.

“Quando vamos de peito aberto, é difícil romper o preconceito contra um país do Terceiro Mundo, que não tem a imagem vinculada à tecnologia.” 


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