‘Ele fala demais e não atua em equipe’

Integrantes da força-tarefa do Ministério Público em Curitiba criticam os métodos de Castilho

 

CURITIBA – Os integrantes da força-tarefa da Procuradoria da República em Curitiba, que investigam hoje o esquema de lavagem de dinheiro exposto pela quebra do sigilo bancário no Banestado, dizem que o delegado Castilho está desatualizado. Em vez das contas CC5 que o delegado investigou, que deixavam registros, os doleiros estão agora utilizando o dólar a cabo, pelo qual o dinheiro é transferido por uma mensagem trocada entre um comparsa no Brasil e outro no exterior, onde aquele que envia mantém posições, abastecidas periodicamente por mulas ou outras formas de transferência física.

“Estamos caçando os doleiros e identificando com quem eles transacionavam. Não vejo nenhuma outra forma”, diz o procurador Vladimir Aras. “Para todos os beneficiários que encontramos, são abertos inquéritos policiais. Não fico catando nome de político. Faço uma investigação ampla e irrestrita, por orientação do procurador-geral da República, Cláudio Fonteles.”

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima salienta que foi quebrado o sigilo da conta Lespan, vinculada à casa bancária Galas, do Uruguai, e bloqueados US$ 8 milhões no exterior. Outros US$ 20 milhões foram identificados e o Ministério Público aguarda o bloqueio do dinheiro nas contas. O procuradores acreditam que Castilho esteja ressentido por ter sido afastado das investigações, mas isso ocorreu porque ele “fala demais e não sabe trabalhar em equipe”.

Eles criticam o fato de Castilho ter, por exemplo, visto uma conta chamada Tucano e já ter daí inferido suas ligações com políticos do PSDB, o que não se comprovou depois. “O delegado Castilho é um investigador furão, não tem pique para investir no longo prazo”, diz Vladimir Aras.

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o delegado-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, não quiseram se pronunciar sobre as declarações de Castilho. A PF informou que as investigações da força-tarefa, com a participação de 800 policiais em sete Estados, já resultaram em 215 mandados de busca e apreensão, envolvendo 75 empresas, além de 123 mandados de prisão temporária. Os investigados movimentaram US$ 20 bilhões de 1997 a 2002. Estima-se que a Receita Federal vá lavrar milhares de autos de infração, da ordem de bilhões de reais. 


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