Continuam especulações de cisão do PT e do PDT
BRASÍLIA — Quem ouve o líder do PT na Câmara, Marcelo Déda (SE), fica com a sensação de que a reviravolta é exclusividade da base governista, enquanto tudo continua como antes na esquerda: “O que unifica a frente política liderada por Lula é a luta contra o perfil neoliberal do atual governo.” É natural que Déda, em campanha pela reeleição, não deseje descartar nem a vitória na corrida presidencial nem a expansão das esquerdas, com a adesão do partido de Ciro Gomes: “Queremos o PPS conosco no segundo turno”, disse.
O PSB, aliado do PT, também jamais prescindiria do PPS. Mas o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral Vieira, reconhece que essa aliança é improvável. “Como dirigente do PSB, gostaria que o PPS se juntasse a nós”, distingue. “Como analista, acho difícil.” Isso porque “o PPS não é esquerda, mas social-democracia”, ao contrário da aliança formada por PT, PDT, PSB e PC do B.
O PT conta com a perspectiva de manter os 50 deputados federais no geral. O PSB é o partido de oposição que tem mais chances de aumentar a bancada. Mas o bloco das esquerdas não crescerá significativamente.
Mas nem tudo é calmaria na esquerda. Perduram as eternas especulações de cisão do PT e eventualmente do PDT. Parte desses partidos, mais identificada com a social-democracia, iria para o PPS. Resta saber até onde o PPS pode ir com esse perfil. “O espaço já está preenchido pelo PSDB”, observa Amaral.
O futuro do PPS é incerto também por causa do cimento ainda fresco que o une a seu candidato à Presidência. “Quantos deputados ligados a Ciro e quantos do PPS propriamente dito vão ser eleitos?”, pergunta um dirigente de esquerda.