Alheios às mudanças, eles esperam se beneficiar com a chegada dos turistas
PARACURU, Ceará – Os moradores de Paracuru tocam a vida, alheios à transformação radical que o lugar está prestes a sofrer. Edemir Barbosa, caseiro de uma chácara bem perto de uma das extremidades do terreno, não está sabendo do empreendimento. Só sabe que seu patrão, Alberto Sampaio, que mora em Fortaleza, vai construir um pousada em seu terreno.
Já Geraldo Rocha, que cuida de uma casa de praia mais adiante, nutre esperanças. “Fui barman, garçom, auxiliar de cozinha e até gerente de restaurante em Fortaleza”, exibe seus dotes. “Só não posso trabalhar com carteira assinada.” Aos 46 anos, Rocha está aposentado por invalidez, depois de ter tido um pé amputado por problemas de circulação, causados, segundo lhe disseram, pelo contato constante com gelo no trabalho.
Os mais jovens têm receio de que exijam experiência ou nível escolar. “Até para jardineiro estão pedindo primeiro grau”, queixa-se o também caseiro Cleirton Soares, de 26 anos, que já trabalhou de motorista, motoqueiro e com inseminação artificial de gado bovino.
João Alves não enfrenta esses problemas: aos 20 anos, ele cursa o primeiro ano do segundo grau. “Não estava sabendo, mas acho que teria vontade de trabalhar num hotel”, cogita. Filho de pescador, ele não quer seguir a profissão do pai. “Penso em ser jogador de futebol”, prefere o ponta-direita.