Quando lhe perguntam o que está estudando, Luiz Felipe ,de 16 anos, fica constrangido. “Estou na 8.ª série”, diz ele. “Repeti três vezes. Era para estar no 3.º ano.”
O rapaz explica o seu atraso: “Tive muita recaída na vida. Estava aprontando, andando com traficante da pesada, dando cara para polícia bater.”
Luiz Felipe deixou a Casa do Zezinho, onde entrara havia sete anos, para “cair no mundão”. Ficou assim seis meses e viu que não era uma boa escolha. “Para sobreviver, voltei para a Casa do Zezinho.” Para retornar, fez um acordo com a Casa, compromentendo-se a deixar as drogas e as bebidas.
“Meu objetivo é tirar minha mãe da bebida”, diz Luiz Felipe, que mora com sua madrinha. “E arranjar um emprego para mim.” Ele tem vontade de trabalhar numa metalúrgica perto de sua casa, e sabe até o que faria lá: “Para colocar mais administração. Lá é muito desorganizado. O horário de almoço é das 12h às 14h. Nunca vi isso.” Ele reduziria a pausa a uma hora. “Mas sou menor, não posso entrar”, resigna-se.
“Sonho mesmo não penso ainda não”, diz ele. “Gosto de cantar pagode, mas precisaria fazer aula de cavaquinho. Isso daí é um sonho?”