Sinop vira polo de comércio e serviços para 32 municípios

SINOP – Em 1970, o então presidente Emílio Garrastazu Médici convidou a Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná (Sinop) a ocupar o norte de Mato Grosso, dentro da estratégia de “integrar para não entregar”.

 

 Dois anos depois, surgia, 500 km ao norte de Cuiabá, uma cidade planejada, com o estranho nome da sigla da empresa. Ao contrário de outras cidades planejadas, que cresceram muito além dos planos e de forma desordenada, Sinop, com ruas e calçadas largas e 27 m² de área verde por habitante (a ONU recomenda 12 m²), foi dimensionada para ter 80 mil moradores numa primeira fase e outros 80 mil na segunda – que a “colonizadora”, como é chamada a empresa, está lançando agora.

Sinop tem sido associada à destruição do meio ambiente. Entre 1986 e 87, chegou a ter mais de 800 madeireiras. Operações do Ibama que entraram para a história, como a Curupira, em 2005, debelaram esse ciclo econômico. Hoje, Sinop tem 250 madeireiras, em geral atuando com certificado de manejo sustentado – embora ainda haja acusações de “esquentamento” de madeira ilegal. Nos anos 90, a madeira foi dando lugar a gado, soja, arroz, milho e algodão.

Agora, Sinop cresce mais como prestadora de serviços e centro comercial de todo o norte de Mato Grosso e sul do Pará. Na BR-163, que corta a cidade, enfileiram-se atacadistas, lojas de implementos agrícolas e concessionárias de todas as marcas de automóveis. A Hyundai acaba de ser inaugurada; a Citroën e a Honda abrem esta semana. A Toyota recebe 60 veículos por mês, que em novembro acabaram dia 15; a partir daí, só por encomenda. Há 1.530 indústrias, 4.062 lojas e 5.819 prestadoras de serviços. Os salários são mais altos que em São Paulo e o custo de vida, bem mais baixo.

A cidade tem uma universidade federal, uma estadual e sete particulares, que somam 11 mil alunos. Seus cursos voltados para o agronegócio e mais o fato de a cidade estar na zona de transição entre a floresta tropical e o Cerrado levaram a Embrapa a escolhê-la para instalar o seu novo centro de pesquisas. Chamado Agrossilvipastoril, ficará pronto em abril e até o fim do ano terá 130 técnicos e cientistas.

O mercado imobiliário corre para atender mais essa demanda. A cidade tem um condomínio fechado de alto padrão – onde o goleiro Rogério Ceni, que morou em Sinop, tem três terrenos – e um bairro aberto com segurança privada. No Jardim do Ouro, a única área que poderia ser considerada favela, a prefeitura está substituindo os 180 barracos por casas de alvenaria. 


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