Tempos melhores que vieram com o dendê

Parceria com empresa garante futuro de agricultores


MOJU, PARÁ – Guilherme Paz Batista nasceu há 50 anos à beira do Rio Jamboaçu, região de quilombolas a cerca de 80 quilômetros de Belém. Desde os 12, trabalha na terra. “Sei fazer de tudo: derrubar, roçar, plantar”, orgulha-se. Mas sempre teve uma renda que mal dava para o sustento.

Plantando mandioca em sua área de 25 hectares e fazendo farinha para vender, o posseiro tirava cerca de R$ 600 por mês livres. Isso por ser um agricultor talentoso e obstinado. Muitos posseiros tiram metade disso na região.

Há cerca de três anos, a Agropalma, que cultiva e beneficia dendê nos municípios de Moju e Tailândia (a 130 quilômetros de Belém, no Pará), ofereceu a 150 famílias a chance de uma parceria. Elas foram assentadas em lotes de 10 hectares do Estado, receberam da empresa mudas de dendê, adubo, agrotóxicos e assistência técnica, além de um salário mínimo por mês do Banco da Amazônia durante cerca de dois anos e meio, que é o tempo que a palmeira leva para dar os primeiros cachos.

Com exceção dos lotes, tudo será pago pelos agricultores com a própria produção, em parcelas descontadas do dinheiro que recebem mensalmente no banco. Toda a produção é comprada pela Agropalma.

MELHORIAS

Desde meados do ano passado, quando começou a colher dendê e vender para a Agropalma, as coisas mudaram para Batista. Em fevereiro, por exemplo, ele recebeu R$ 1.480, já descontadas as parcelas da Agropalma e do Banco da Amazônia. “Depois que peguei esse trabalho, para mim melhorou bastante”, alegra-se Batista.

“Aqui, estou garantido”, diz José Moreira, de 50 anos, que acaba de plantar 6 hectares de mudas, no lote de 50 hectares que comprou por R$ 18 mil no Assentamento Calmaria 2, do Incra, onde cerca de 40 famílias também fizeram parceria com a Agropalma.

“A parte gerencial e econômica vai bem”, atesta Manoel Libório Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Moju. Mas ele aponta alguns problemas: a monocultura, que gera dependência da Agropalma e do preço internacional; os posseiros tiveram de sair de seus lotes para ocupar áreas contíguas; a área fixa para plantar, de 10 hectares, pode ser pequena para uns e grande para outros, dependendo do tamanho de cada família; a empresa fornece equipamento de proteção para aplicar agrotóxicos, e orienta sobre como usá-lo, mas os agricultores não têm consciência dos riscos, e se expõem.

“São os problemas do desenvolvimento”, constata o sindicalista Libório.


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