Quando estava na 2.ª série, Agenor confundia as letras “p” e “q”. A professora o agarrou pelo colarinho, levou-o para o meio da sala e o chamou de burro. Os colegas riram.
“Fiquei com muita vergonha”, lembra Agenor, hoje com 23 anos. “Não queria falar com as pessoas e não olhava nos olhos delas. Tinha medo de que rissem de mim.”
Aos 14 anos, cabulando aula, Agenor passou na Casa do Zezinho e viu garotos jogando basquete. Entrou. A entidade estava começando, e só tinha aula de costura. Com o tempo, os cursos foram se ampliando. Agenor fez todos eles: artes, estamparia, informática etc. Tornou-se instrutor e criou uma ONG para ensinar tapeçaria artesanal às mães do bairro. Seu pai era contra. Achava que arte “não dá camisa para ninguém” e que ele devia entrar para o Exército.
Em 2003, Agenor terminou o ensino médio e entrou no curso de Artes Visuais da Famec. No primeiro ano, pagou a faculdade com os R$ 450 que ganhava como instrutor na Casa do Zezinho. No segundo, prestou seleção e ganhou bolsa da Fundação Abrinq. Seu mentor na Abrinq foi o renomado fotógrafo Bob Wolfenson. Hoje, Agenor trabalha no estúdio dele.