Lagos e Lavín não quiseram enfrentar o incômodo de defender ou atacar general
SANTIAGO – Pela primeira vez em três décadas, o general da reserva Augusto Pinochet está ausente de uma grande decisão política no Chile – não só fisicamente, mas também politicamente. O tema da prisão de Pinochet em Londres não fez parte dos debates. Curiosamente, ele não interessava aos dois principais candidatos.
O socialista Ricardo Lagos não quis manter-se confrontado com o incômodo dilema entre defender o julgamento de Pinochet fora do país, o que feriria o brio nacionalista, e sair em defesa do ex-ditador. Dois terços dos chilenos querem ver Pinochet julgado, mas no Chile. Lavín assumiu essa posição. A ele não interessava ser confrontado com seu passado pinochetista, no esforço de conquistar votos do centro.
A equipe de defesa de Pinochet está protelando a realização de novo exame médico no general, pedido pelo governo britânico, que, incomodado com o prolongamento do caso, parece inclinado a aceitar o argumento humanitário e libertá-lo. A interpretação é a de que os pinochetistas não querem que ele volte agora, concedendo um trunfo ao governo chileno – e a Lagos, por extensão -, que reivindicaria a vitória no processo.