Americanos concordam que esforço antitráfico requer combate a rebeldes e apoio a Exército
BOGOTÁ – Os Estados Unidos e a Colômbia concordaram ontem que o esforço para conter o narcotráfico requer combate mais efetivo à guerrilha e aos paramilitares, que dele se sustentam e a ele protegem e estimulam. Essa concordância poderá traduzir-se em uma ajuda anual de US$ 250 milhões dos EUA para a Colômbia modernizar suas Forças Armadas.
O pedido foi feito em Washington pelo ministro da Defesa da Colômbia, Luis Fernando Ramírez, em reuniões com membros do governo e do Congresso americanos, na quinta-feira e ontem, em meio a uma ofensiva das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Ao sair da reunião com Ramírez, o mais alto assessor da Casa Branca para o combate ao narcotráfico, o general da reserva Barry McCaffrey, afirmou que a atual ajuda americana à Colômbia é “inadequada e precisa ser aumentada”. McCaffrey acrescentou que “os Estados Unidos têm de fazer enorme esforço para ajudar a Colômbia, a Bolívia, o Peru e outros países que lutam contra o narcotráfico”.
“Os americanos perceberam que a solução hoje do problema do narcotráfico passa pela solução do problema da guerrilha e dos paramilitares, ambos financiados pelos narcotraficantes”, disse Ramírez à emissora RadioNet, de Bogotá. “A maneira civilizada de resolver o problema é a substituição dos cultivos (de coca e papoula pelo de café e milho, por exemplo), e é isso o que o governo tem tentado”, prosseguiu Ramírez. “Mas são necessários dois para dançar o tango.”
Assim, argumentou o ministro da Defesa, se o processo de paz não vingar, as Forças Armadas colombianas têm de estar preparadas para vencer o inimigo. Para Ramírez, que está em Washington acompanhado do comandante das Forças Armadas, general Fernando Tapias, a modernização e o fortalecimento militares da Colômbia são “pré-requisitos” para alcançar a paz.
O senador democrata Paul Coverdale, um dos congressistas que se reuniram com o ministro e o general, também pensa assim: “Não é contraditório apoiar a paz e o Exército ao mesmo tempo, pois, para manter a paz, é preciso demonstrar capacidade para defendê-la.” De acordo com vários senadores e deputados americanos, há um consenso entre democratas e republicanos quanto à necessidade de intensificar e ampliar a ajuda militar à Colômbia, teoricamente ainda restrita ao combate ao narcotráfico. A dificuldade é que o orçamento já está praticamente fechado. Entretanto, alguns congressistas prometeram enviar a emenda prevendo a ajuda em caráter de urgência.
Ramírez visita hoje o Comando Sul, em Miami, para pedir o empréstimo de equipamentos militares que estejam disponíveis. O ministro, que se reuniu ontem também com o diretor do FBI, Louis Freeh, e com altos funcionários do Departamento de Estado, garantiu que a ajuda não afetará a “autonomia” colombiana e acrescentou que a Colômbia pedirá o mesmo tipo de apoio a outros países.