Há 40 anos, nascia a luta armada no território rebelde

Região aparentemente inóspita controlada pelas Farc tem grande valor para os guerrilheiros

 

SAN VICENTE DEL CAGUÁN, Colômbia – À primeira vista, a área que o governo colombiano destinou à guerrilha pode parecer a combinação de inóspita selva montanhosa com planaltos cobertos de pastos e de desolação. Ao contrário, para as Farc, esse é um território denso em valor histórico, político, estratégico e econômico.

Há 40 anos, começou a instalar-se aqui o embrião da guerrilha: em 1959, um grupo de retirantes da feroz guerra que se travava entre liberais e conservadores iniciou a “colonização armada”. Em 1964, veio nova onda de colonos, dessa vez um grupo de camponeses que, fustigados pelo Exército, fugiram de Marquetalia, na divisa entre os Departamentos de Huila e Tolima, onde lutavam por terras. Naquele mesmo ano, eram fundadas as Farc.

Desde então, seus principais quadros passam boa parte do tempo acampados nas florestas que pontuam os cumes dos morros dessa região altamente acidentada, mas que, para os padrões andinos, é semiplana. Em torno das florestas, expande-se o desmatamento e, com ele, vastas áreas de criação de gado, que literalmente alimenta a guerrilha. Além disso, a poucas horas de barco de San Vicente estão os centros da produção da coca colombiana: Cartagena de Chairá, Remolino del Caguán e San José de Guaviare.

 

Desse ponto no centro-sul do território colombiano, os guerrilheiros têm tradicionalmente tido acesso a todo o resto do país, por trilhas que eles conhecem como ninguém ou pela generosa bacia de rios que entrecorta o relevo. As florestas e os canyons servem de abrigo para os que neles se embrenham – e de barreira natural para os relutantes soldados que tentam dar combate em terreno geralmente desconhecido.

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