BOGOTÁ – A guerrilha colombiana está alcançando um objetivo longamente nutrido: trazer para Bogotá o clima de medo e insegurança que há anos domina boa parte do país.
Até há algumas semanas, a capital colombiana era considerada uma ilha de segurança. A cidade tem altos índices de criminalidade, mas o efeito desestabilizador da delinqüência comum não se compara ao do terrorismo.
Por sinal, essa palavra – “terrorismo” – começou a ser mais usada no país e sobretudo pelos bogotanos, para referir-se às ações da guerrilha. E isso se deve, em grande parte, ao tipo de ação que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) estão desenvolvendo em Bogotá – além de ser um sinal evidente de que a admirável paciência dos colombianos se está esgotando, como sugeriu o presidente Andrés Pastrana, na terça-feira.
A guerrilha é sentida cada dia mais perto de Bogotá. E mais ousada. Há pouco mais de um mês, realizou o que chama de “pesca milagrosa” num restaurante da moda no subúrbio de Bogotá, levando dez reféns, escolhidos segundo seu potencial de pagamento de resgate. Os donos do restaurante têm boas relações e foram capazes de abafar o caso. Mas fontes próximas às forças de segurança confirmaram ao Estado o ocorrido.
No fim de semana passado, a polícia fechou o acesso ao Parque de Neusa com a seguinte justificativa: havia informações de que a guerrilha planejava montar um bloqueio na estrada. Os bogotanos sempre reclamaram de não poderem viajar tranqüilamente pelas estradas do país, sentindo-se confinados em Cundinamarca, onde fica a capital. E nas últimas semanas, o sentimento de confinamento ganhou intensidade sufocante.