Oito militares presos por morte de policiais

Procurador-geral diz que incidente que resultou na morte de dez policiais e um informante ‘não foi um erro’

 

BOGOTÁ

Num duro golpe na imagem do Exército colombiano, a Justiça mandou prender, na noite de quarta-feira, oito militares, incluindo um coronel e um tenente, por suspeita de terem matado dez policiais e um informante a mando do narcotráfico. A medida, anunciada ontem pelo procurador-geral Mario Iguarán, contesta a versão oficial dada pelo Exército, de que a matança teria sido um acidente de “fogo amigo”.

“A Procuradoria considera que não se tratou de um erro”, disse ontem Iguarán, em entrevista coletiva. “Foi um crime.” O procurador não descartou a possibilidade de pedir novas prisões. E solicitou à Justiça que não conceda liberdade sob fiança, porque os militares poderiam destruir provas e porque representariam “um perigo para a comunidade”. 

O presidente Álvaro Uribe, que oferecera recompensa de 1 bilhão de pesos (R$ 1 milhão) por informações sobre o incidente, apoiou a decisão. “Nosso compromisso é com a transparência”, disse Uribe, durante cerimônia de graduação de oficiais do Exército. “Uma coisa é a solidariedade para servir à Colômbia. Outra coisa muito diferente é a cumplicidade com o crime.” Reeleito no domingo, Uribe reequipou as Forças Armadas e lhes deu respaldo para uma ofensiva total contra a guerrilha. Os militares presos pertencem a um dos batalhões de montanha criados no governo Uribe, como parte desse esforço.

Logo depois da morte dos dez policiais e do informante, alvejados por um pelotão de 28 militares, no dia 22, Uribe ordenou que o caso ficasse a cargo da Procuradoria-Geral. Iguarán argumentou ontem que o caso não deve ser transferido para a Justiça militar, porque os militares não agiram “em cumprimento de suas funções”.

Os policiais mortos estavam identificados com coletes e gorros da Direção de Polícia Judiciária (Dijin) e, segundo testemunhas, gritavam: “Não atirem. Somos policiais.” Segundo o procurador, a manipulação da cena do crime, o disparo de mais de 150 projéteis, o uso de sete granadas e de franco-atiradores indicam que se tratou de uma emboscada contra os policiais, que integravam uma força de elite contra o narcotráfico. 

 

Os policiais foram mortos durante uma diligência num sítio ao sul de Cali, numa região onde atua o capo do narcotráfico Diego Montoya, que quase foi capturado há quatro meses pela Dijin. O governo americano pediu a extradição de Montoya e oferece US$ 5 milhões de recompensa por informações que levem à sua captura.

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