Nas ruas, porém, apoio a presidente não parece unânime
BOGOTÁ – A rede de TV RCN divulgou ontem à noite pesquisa que eleva a popularidade do presidente Álvaro Uribe para 91%. Antes do resgate dos 15 reféns em poder da guerrilha, na noite de quarta-feira, sua aprovação estava em 84%. De longe, o êxito da ação pode dar a impressão de elevar Uribe à condição de semideus. Nas ruas de Bogotá, no entanto, o duro golpe sofrido pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) não se traduz em adesão automática ao presidente, no cargo desde 2002, e aparentemente disposto a se lançar ao terceiro mandato. Quem – como a maioria – já gostava de Uribe, que completa hoje 56 anos, passou a idolatrá-lo. Quem tinha dúvidas sobre ele, mantém-se à distância.
“Ah, não, é uma ‘berraquera'”, resumiu o motoboy Luis Morales, de 38 anos, usando uma gíria que poderia ser traduzida como uma proeza extraordinária. “É o máximo. Uribe é um dos melhores presidentes que já tivemos, que trabalha, não negligencia, não rouba.” A conseqüência natural: “Eu votaria nele mil vezes.” E quanto a Ingrid Betancourt, de volta ao cenário político? “É uma personagem muito pouco conhecida”, disse Morales.
“Foi maravilhoso”, elogia a empresária Elsa de Restrepo, de 58 anos, dona de uma fábrica de calçados. “Não gosto muito de Ingrid, que é mais francesa do que colombiana, mas, como ser humano, parece-me espetacular que tenha sido resgatada.” Então, votaria em Uribe? “Acho muito arriscado opinar sobre Uribe”, recua a empresária. “Uns dizem coisas boas sobre ele, outros dizem coisas más.”
“Obviamente, é uma alegria”, festeja a estudante de desenho industrial Marianela Salinas, de 19 anos. “Vemos os guerrilheiros como estranhos aos colombianos, como pessoas que fazem o mal.” Mas Marianela, que votará para presidente pela primeira vez em 2010, não sabe se escolheria Uribe. “Ele já fez muito bem e talvez seja melhor dar oportunidade a outros”, explica. “Não sei se outra reeleição seria boa para ele nem para nós. Poderia gerar conflitos externos”, pondera, referindo-se a vizinhos como Venezuela, Equador e Bolívia.
De qualquer forma, não há dúvidas de que o resgate foi um grande presente de aniversário, como disse o comandante das Forças Militares, general Freddy Padilla de León.