BOGOTÁ – O narcotraficante colombiano Pablo Rayo Montaño, preso há duas semanas em São Paulo, é um peixe grande. O Ministério Público do Panamá confiscou mais de 50 propriedades e bloqueou 80 contas bancárias atribuídas a ele.
Também encontrou duas propriedades do jogador de futebol colombiano Fred Rincón, associadas às atividades de lavagem de dinheiro de Rayo, na Cidade do Panamá. Foi o que informou ontem o promotor Patricio Elías Candanedo, especializado em combate ao narcotráfico.
As propriedades atribuídas a Rincón são uma empresa de pesca chamada Nautipesca e o Edifício Plaza, um apart-hotel de 12 andares, ambos na Cidade do Panamá, utilizados para lavagem de dinheiro, segundo o promotor. Rincón, que está na Colômbia, nega. “Sou amigo de infância de Pablo, mas não tenho nenhuma relação comercial com ele”, disse o jogador na semana passada. “Meus negócios são todos legais.”
Segundo o promotor, “Rincón terá de comparecer ao Panamá e provar duas coisas: que os bens são dele e que são de procedência lícita, de acordo com as leis colombianas”. Rayo, por sua vez, apresentava-se como um “investidor” no Panamá, sobretudo em imóveis. Mas estava dedicado tanto às atividades de passar cocaína da Colômbia para os Estados Unidos, via Panamá, quanto de lavagem de dinheiro da droga, segundo o promotor panamenho, que falou ao Estado pelo telefone, da Cidade do Panamá.
Ainda não há uma estimativa de quanto em drogas Rayo movimentou nem quanto em dinheiro ele lavou. Mas, segundo o promotor, foram encontrados “vários milhões de dólares em espécie”. Entre os bens atribuídos a Rayo confiscados pelo Ministério Público do Panamá estão três embarcações – um iate, uma lancha e um barco com capacidade para cem passageiros.
A inteligência panamenha informou que Rayo instalou-se no Panamá em 1996. Mas as investigações do Ministério Público, chefiadas por Candanedo, só puderam encontrar provas de sua presença no país a partir de 1998. Em 2002, Candanedo e seus homens iniciaram a Operação Buenaventura, de investigação de suas atividades. “Aparentemente ele sentiu que as investigações estavam se aproximando dele, e fugiu para o Brasil em 9 de abril de 2003”, conta o promotor.
Candanedo diz que as investigações foram coordenadas com equipes do Brasil, da Colômbia, da Venezuela, México e Costa Rica, para rastrear as atividades de Rayo. A equipe brasileira estava chefiada diretamente pelo delegado Getúlio Bezerra, diretor de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal. O grupo realizou várias reuniões de coordenação no ano passado e neste ano, em Miami. A última foi em abril. “A Polícia Federal brasileira cooperou muito”, atesta o promotor panamenho.