Inflação e desemprego diminuíram e Produto Interno Bruto aumentou
BOGOTÁ
O célebre aforismo americano “é a economia, estúpido” também vigora na eleição presidencial colombiana. Apenas que, como tudo neste país, a economia gravita em torno do conflito armado e da segurança. E os resultados do governo Uribe são impactantes.
Compare a Colômbia de Uribe com a de Andrés Pastrana, o presidente anterior, que tentou a todo custo obter a paz com a guerrilha. Em 1999, quando as Farc ocupavam uma “zona desmilitarizada” de 42 mil quilômetros quadrados e a utilizavam para suas atividades de seqüestro e narcotráfico, o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 4,9%. Em 2004, o PIB cresceu 4,8% e no ano passado, 5,1%. Este ano, estima-se que crescerá outros 5%.
O índice de desemprego refluiu de cerca de 20%, há quatro anos, para 12%. No governo Pastrana (1998-2002), foram construídas 56.382 moradias urbanas. Entre 2002 e 2005, esse número quase duplicou: 105.653. Tudo isso, com inflação em queda de 9%, em 1999, para 4,5%.
Em 1999, o índice de confiança dos empresários, medido pelo instituto de pesquisas econômicas Fedesarrollo, era de 80% negativos. Essa era a soma de respostas dos empresários sobre se as condições de investimento eram favoráveis, neutras ou desfavoráveis. Em fevereiro deste ano, o resultado foi de 40% positivos. A taxa de investimentos foi de 12,7% do PIB em 1999, e de 22,3%, em 2005. Nos lares, o índice de confiança para o consumo era de 14% negativos em dezembro de 2001. Em abril deste ano, 30% positivos.
É lógico que o ambiente internacional favorável – pelo menos até o soluço da semana passada – tem contribuído para esses índices. Houve também providências na área econômica, ainda no governo Pastrana, como mudança de regime cambial, de banda para flexível, e uma política fiscal mais austera, imposta por um acordo com o Fundo Monetário Internacional.
“Este governo manteve essas políticas e acrescentou a segurança”, diz o diretor-executivo da Fedesarrollo, Mauricio Cárdenas. Diretor de Planejamento no governo Pastrana, Cárdenas é uma fonte insuspeita: “Nosso governo simplesmente não gerou confiança.”
Para ele, um dos fatores que mais impacto têm sobre os empresários é a diminuição dos seqüestros. Em 2000, o número de seqüestros por 100 mil habitantes atingiu o recorde histórico de 8,54. Hoje, esse índice está em 2,57. Outros fatores que contribuem para o ambiente de confiança entre os empresários são a diminuição dos atos de terrorismo, das sabotagens e das extorsões, enumera Cárdenas. “E os empresários atribuem isso à ofensiva do Exército.”
Com a liberação das estradas dos constantes bloqueios das guerrilhas e a sua retirada de várias regiões do país, muitos fazendeiros e empresários puderam reassumir seus negócios.
A melhora geral se reflete por toda parte. Luis Mantella, dono de uma pequena papelaria na região norte de Bogotá, diz que está vendendo 50% a mais do que quando Uribe assumiu, em 2002. “A guerrilha mandava na gente”, lembra Mantella, de 59 anos. “Não podíamos sair às ruas, viajar pelas estradas. Uribe foi o único que enfrentou a subversão.” Desnecessário dizer, Mantella e sua mulher, María Cristina, votarão hoje em Uribe.
Embora tenha o apoio da maioria dos empresários, Uribe sofre uma rejeição de setores que temem sair perdendo com o Tratado de Livre Comércio (TLC) que o presidente deve assinar em breve com os Estados Unidos. São eles os produtores de arroz, frango e medicamentos, que terão de competir com produtos americanos.
Outros setores devem ter ganhos imediatos com o acesso ao mercado americano, avalia Cárdenas. Trata-se sobretudo de uma manufatura pouco sofisticada, como confecções, couro e alimentos processados, coisas que os Estados Unidos já não têm tanto interesse em produzir, diz o especialista. Quanto aos produtos industriais e serviços americanos, eles já não enfrentam concorrência na Colômbia. Por isso, o TLC também tem a aprovação da maioria