Colorados elegem presidente e dominam Congresso

ASSUNÇÃO – O futuro presidente do Paraguai, o colorado Raúl Cubas, contará com maioria absoluta na Câmara dos Deputados e no Senado, segundo as pesquisas de boca-de-urna.

Esse dado torna ainda mais significativa a derrota de domingo dos dois principais partidos de oposição – que, em 1993, obtiveram maioria absoluta nas duas Casas. O Tribunal Superior de Justiça Eleitoral não divulga resultados parciais das eleições parlamentares e a contagem pode levar um mês. Mas as pesquisas de boca-de-urna têm sido bastante acuradas no Paraguai.

Computados 69% dos votos, Raúl Cubas ia vencendo ontem com 53,9%, enquanto Domingo Laíno, da Aliança Democrática, tinha 42,4%. O comparecimento foi de 81%. O resultado final da eleição presidencial deve sair hoje. A boca-de-urna de um pool formado pelo jornal ABC Color e pelo canal Telefuturo indica que os colorados elegerão 24 dos 45 senadores, e a Aliança Democrática, que reúne os dois grandes partidos de oposição, os outros 21.

Na Câmara, os colorados devem ficar com 44 dos 80 deputados e a Aliança, com os 36 restantes.

É bem verdade que essa maioria não garante tranqüilidade absoluta para Raúl Cubas. Primeiro, porque reformas constitucionais requerem maioria de dois terços. Mas, principalmente, por causa das divisões internas na cúpula do Partido Colorado. No novo Senado, por exemplo, de acordo com a boca-de-urna, somente nove dos eleitos pertencem à facção de Cubas. O restante dos colorados divide-se entre os grupos liderados pelo atual presidente, Juan Carlos Wasmosy, e pelo presidente do partido e vice-presidente eleito, Luis María Argaña.

Essas foram as primeiras eleições gerais consideradas limpas da história do Paraguai. Segundo avaliação do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, César Gaviria, que liderou um grupo de observadores, “as eleições paraguaias transcorreram na mais absoluta calma”. Mesmo assim, na noite de domingo, a Justiça Eleitoral deu um susto nos paraguaios. O diretor de Registro Eleitoral, Ramón Ferreira, chamou a imprensa e anunciou que, dos certificados com apurações de votos recebidos por fax do país inteiro nas primeiras duas horas de contagem, 80% estavam adulterados.

De madrugada, o presidente do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE), Carlos Mojoli, confirmou que havia fraude. Foi a vez de Domingo Laíno chamar a imprensa para anunciar que havia vencido as eleições. À noite, Laíno mudou o tom. Telefonou para Cubas e o cumprimetou pela vitória.

Ontem, o diretor do Registro Eleitoral disse ao Estado que a adulteração dos certificados estava sendo investigada. Ferreira não quis precisar quantos votos estavam envolvidos. “Mas isso não afeta o resultado das eleições.” Os votos sob suspeita não entram no cômputo anunciado e, no universo já apurado, pela margem entre colorados e aliancistas, é impossível uma reversão do resultado.

O cruzamento entre os dados do TSJE e as listas de filiados dos partidos, por seção eleitoral, mostra que as violentas divisões na cúpula colorada não afetaram a fidelidade de seus correligionários. Havia 2.046 milhões de paraguaios habilitados a votar. O Partido Colorado tem 1 milhão de filiados.

Dos colorados que votaram, 93% escolheram Raúl Cubas.

O Partido Liberal Radical Autêntico, de Domingo Laíno, tem 580 mil filiados.

 

Todos votaram na Aliança. O outro partido dessa coalizão, o Encontro Nacional, tem 120 mil filiados. Se a tendência da contagem se mantiver, a Aliança terá cerca de 700 mil votos. Ou seja, a Aliança só contou com seus filiados.

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