Opositores celebram redução de diferença

Antichavistas diminuíram a vantagem que Chávez obteve na eleição de 2006

 

CARACAS

Logo depois do discurso de Hugo Chávez, na noite de domingo, os líderes da frente oposicionista reconheceram a vitória do presidente – sem no entanto se declarar derrotados. Os oposicionistas preferiram ressaltar o fato de que pela primeira vez obtiveram 5 milhões de votos. Eles celebraram a diminuição da diferença de votos entre o governo e a oposição de 3 milhões para 1 milhão desde a eleição presidencial de 2006. E afirmaram que estarão unidos para enfrentar Chávez na próxima, em 2012.

“Assumimos o compromisso e juramos: eles poderão ter sua emenda, mas esta alternativa a derrotará em 2012”, afirmou Freddy Guevara, líder estudantil que surgiu na campanha pelo “não” no referendo de 2007, e que agora é membro do partido Um Novo Tempo. 

Omar Barboza, presidente do partido Um Novo Tempo, lembrou que os oposicionistas, como “democratas”, aceitaram participar do referendo mesmo com o “vantagismo” – o uso da máquina estatal em favor da campanha pelo “sim”. Ele observou também que Chávez foi reeleito em 2006 com 64% dos votos. “Hoje obtém 54%, ou seja, reduziu-se em 10% o apoio do povo da Venezuela.” O secretário-geral do partido Primeiro Justiça, Tomás Guanipa, garantiu: “Longe de nos sentirmos derrotados, o que sentimos é maior amor pela Venezuela.” E acrescentou que “5 milhões de pessoas venceram a chantagem e o amedrontamento”.

Pertence à frente oposicionista também o Podemos, que apoiava Chávez e rompeu com o presidente quando ele propôs a reforma constitucional de 2007, que, na visão do partido, desvirtuava a Constituição de 1999. Seu líder, Ismael García, pediu a união dos que “acreditavam que na via de quem hoje encabeça o governo estava a solução dos problemas da pátria”. García chamou a atenção para o fato de que, com 45% dos votos, a oposição poderá ocupar a “metade” da Assembleia Nacional nas eleições do ano que vem. O Podemos é o único partido de oposição com cadeiras no Parlamento. Os outros boicotaram a eleição de 2005, afirmando que o sigilo do voto não estava garantido. 

 

Além dos partidos de oposição e do movimento estudantil, o empresariado também forma uma frente contra o governo. O presidente do Conselho Nacional do Comércio (Consecomercio), Nelson Maldonado, pediu ontem “desculpas ao povo” por não terem sido capazes de explicar que “o caminho da liberdade e do desenvolvimento” era o voto pelo “não”. “O caminho que escolheu o governo está levando à pobreza, à miséria e ao desemprego”, disse ele. Maldonado pôs em dúvida o índice oficial de desemprego, de 6%, observando que há muito “subemprego”. E disse que a situação econômica vai se deteriorar este ano, com a queda do preço do petróleo. 

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