Por Lourival Sant’Anna, de Pyongyang
As letras brancas na faixa vermelha anunciam: “Batalha do transplante do arroz”. Sob um sol de 30 graus, homens e mulheres se curvam ou se agacham,
trabalhando a terra com uma pequena enxada ou com as mãos, transferindo as mudas do solo para a várzea. Um soldado com farda verde oliva observa, de pé. Nos vilarejos, moradores sentados na rua recebem ordens de militares de pé, no início e fim do dia.
Essas cenas foram testemunhadas incontáveis vezes por VEJA, em quatro viagens para o sul, o centro, o sudoeste e o oeste da Coreia do Norte, que somaram 973 km entre os dias 2 e 7. Um percurso abrangente, considerando que o país mede 909 km de norte a sul e 570 de leste a oeste na sua faixa mais larga.
Elas são o retrato mais visível da escravidão imposta aos norte-coreanos pela dinastia Kim, no poder desde 1948, por meio do Exército, que não é só o seu braço armado, mas o centro do poder político e econômico. O regime se resume em uma expressão: “Songun”, que significa “Exército em primeiro lugar”.
É preciso reconhecer o poder de concisão de Kim Il-sung, fundador da dinastia e formulador da “ideia Juche”, palavra por ele inventada. Esse suposto “sistema filosófico” coloca “o homem no centro de tudo, independente e livre”.
A organização social e econômica é sintetizada em outro conceito, com apenas um fonema de diferença: “Songbun”. A palavra significa “ingrediente” em coreano. Seu significado prático: casta.
Os norte-coreanos estão classificados entre três grandes castas: a “nuclear”, que ocupa o topo da pirâmide; a “móvel”, que poderia ser chamada de “classe média”; e a “hostil”, condenada ao penoso trabalho no campo e nas cidades menores. Cada uma tem múltiplas subdivisões, segundo um minucioso sistema de pontuação, resultando em cerca de 50 categorias.
Domingo é oficialmente o único dia de descanso na semana: a jornada de trabalho na Coreia do Norte vai de segunda a sábado. Mesmo assim, às seis horas da manhã, as calçadas, praças e parques da cidade de 3 milhões de habitantes já têm bastante movimento.
Centenas, talvez milhares de pessoas, tiram ervas daninhas e podam a grama, carregam baldes para molhar os jardins públicos e varrem as ruas. No início de todas as noites, depois do expediente das 9h às 19h, a rotina se repete.
Esse trabalho “voluntário”, assim como todas as atividades cotidianas dos norte-coreanos, é orientado por sua grande obsessão: ganhar pontos, seja na esperança de subir de categoria, seja de não baixar. Mudar de casta é praticamente impossível. Ela é definida no nascimento, a partir do critério criado por Kim Il-sung.
Seus parentes e companheiros na formação do regime, os combatentes nas guerras contra o Japão (1925-45), e da Coreia (1950-53) e os descendentes de todos eles pertencem ao “núcleo”. Os ex-funcionários da administração colonial japonesa, fazendeiros, empresários, intelectuais, clérigos, desafetos de Kim e seus descendentes saíram do topo e foram para a base, taxados de “hostis”. Os condenados por crimes e seus parentes também são automaticamente rebaixados para essa casta inferior.
No meio, a casta “móvel” é ocupada pelos descendentes dos trabalhadores urbanos e rurais do período colonial, que não colaboraram com os japoneses. Essa é a faixa que mais se dedica na escola, no trabalho e nas atividades “voluntárias”, na esperança de ganhar pontos e assim melhorar um pouco de emprego. Aqueles que se destacam muito podem sonhar em entrar para o Exército. Não atingirão patentes elevadas, que são reservadas ao “núcleo”, mas terão mais oportunidades de cobrar propinas.
Só vivem em Pyongyang os integrantes das castas superior e intermediária. Preocupado com a disparidade entre o meio rural e a capital, o “supremo líder” Kim Jong-un tem permitido que jovens que se destacam no interior venham estudar em Pyongyang. Mas eles são obrigados a voltar para seus locais de origem assim que concluem os estudos.
Quem visita o país, como turista, jornalista ou convidado do regime, não ouve essa descrição. Todo estrangeiro está proibido de sair sozinho e de ter contato direto com os norte-coreanos. Tudo se faz por meio de um guia — no caso de VEJA, duas. A esse funcionário muito bem treinado do governo cabe tentar encaixar nos princípios igualitários da ideia Juche na sociedade vertical que o visitante está observando.
Para entender o real significado do que estão permitindo que seja visto, é preciso juntar a experiência sensorial com os testemunhos de poucos norte-coreanos que realizaram a façanha de fugir do país — despendendo tanta coragem quanto propina.
Seus relatos estão registrados em publicações de entidades de defesa dos direitos humanos e em livros como “Para poder viver”, de Yeonmi Park, que cruzou clandestinamente a fronteira com a China junto com sua mãe em 2007, quando tinha treze anos, e hoje vive em Nova York.
Além disso, na Coreia do Sul houve um programa de TV, chamado “Estou prestes a conhecer você”, em que refugiados norte-coreanos respondiam perguntas de telespectadores. Vários tiveram seus parentes na Coreia do Norte mortos, como punição. O programa acabou. Agora existe um reality show, sem conotação política, “Homens do Sul, Mulheres do Norte”, focado em arranjar namoros.
A narrativa dos guias é visivelmente fantasiosa. VEJA perguntou a uma delas, por exemplo, o que o governo faz com os preguiçosos, já que não seria justo uns fazerem “trabalhos voluntários”, outros não; uns aceitarem o árduo trabalho do campo, e outros viverem no conforto de Pyongyang. “Não sei, nunca ouvi falar de alguém preguiçoso”, foi a resposta.
A programação incluiu uma escola de ensino médio de Pyongyang. Os visitantes não puderam conversar com os alunos, nem sequer por meio das guias. A visita consistiu em assistir apresentações musicais. Um grupo de garotas cantou uma música que dizia: “Estamos muito felizes com o ensino compulsório”.
À pergunta sobre por que as meninas diziam estar felizes, as guias responderam, com um ar de espanto pela obviedade da resposta: “Elas nasceram num palácio. Como não vão estar felizes? Nós duas também nascemos no palácio”. As maternidades na Coreia do Norte são chamadas de “palácios dos berços”. Depois das aulas, que são sempre de manhã, os alunos vão para os “palácios das crianças”, para atividades complementares, como esportes e artes.
Todo norte-coreano ingressa obrigatoriamente na Liga das Crianças aos sete anos. Aos treze, vai para a Liga da Juventude e, aos dezessete, para a Liga dos Trabalhadores. É quando passa a usar obrigatoriamente um broche com a foto de Kim Il-Sung ou Jong-il (ou ambos), todos os dias, até a morte. A partir de 1948, os norte-coreanos deixaram de ter religião. Eles adoram apenas a dinastia Kim.
O Exército também é venerado. “Os soldados são mais eficientes que os civis”, explicou uma guia. “As obras feitas por eles, por exemplo, terminam mais rápido.”
Para as mulheres que estão na posição de escolher, os requisitos de um bom marido são ter servido o Exército, ser membro do Partido dos Trabalhadores e ter diploma universitário. O diploma não é mais importante do que ser membro do partido. Só os homens de casta superior podem ingressar nele. Os outros vão para a Liga dos Trabalhadores.
Por toda parte, nas ruas, prédios, lojas, restaurantes e hotéis há fotos de Kim Il-Sung, intitulado postumamente “o eterno presidente”, e de seu filho Jong-il, o “eterno líder” (em coreano, assim como em chinês, o sobrenome vem antes do nome). Kim Jong-un, o atual, é chamado de “supremo líder”. Geralmente a expressão vem acompanhada de mais um adjetivo, como “caloroso” ou “sábio”, dependendo do contexto.
Nos monumentos, que são muitos, e nas estações de metrô, há alto-falantes tocando músicas de louvor aos líderes e ao Exército. Uma delas, no metrô — cujas estações são as mais profundas do mundo, porque também servem de abrigo antiaéreo — dizia, referindo-se a Jong-un: “Nosso líder é tão jovem e mesmo assim o amamos tanto”.
Clips com cenas das batalhas das guerras contra os japoneses e da Coreia são exibidos o dia inteiro nas quatro emissoras — estatais, claro — de TV. Em um clip na TV de um restaurante, a famosa banda Chong Bong cantava, com uma grande foto de Kim Jong-un ao fundo: “Nós amamos nosso grande líder. Nós respeitamos nosso líder. Ele é o líder do povo”.
Uma das guias traduziu a letra para o repórter de VEJA. Passados alguns minutos, começou a cantarolá-la distraidamente. As pessoas parecem gostar dessas canções. Afinal, é o que ouvem desde que nasceram.
O telejornal das 20 horas — o único — noticiou os encontros de Kim com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, mas não a cúpula com Donald Trump. Às vésperas da reunião desta terça-feira 12 em Cingapura, os cinco jornais não davam uma linha sobre o tema. Na edição do dia 2, a manchete do Rodong, o principal jornal do país, era: “Vamos desenvolver o papel e a responsabilidade dos servidores no avanço da construção da economia”.
As seis páginas em preto e branco, com poucas fotos, eram preenchidas com histórias de iniciativas bem-sucedidas do governo e de funcionários. Por exemplo: uma repartição que reservou uma sala para produzir cogumelos, que os funcionários levam mensalmente para casa, conforme uma nova diretriz do governo. A legenda sob uma foto de uma locomotiva com design dos anos 50 dizia: “Produzido do nosso jeito, com nossa tecnologia, no espírito da autoconfiança”.
O assassinato do meio-irmão do supremo líder, Kim Jong-nam, na Malásia, em fevereiro de 2017, não foi noticiado. Os norte-coreanos nem sabem que Jong-il teve filho com outra mulher.
Na quarta-feira 6, o telejornal, que dura entre dez e quinze minutos, dedicou toda a sua edição à celebração do dia das crianças. A data marca a fundação, em 1946, da Liga das Crianças, que hoje tem 3 milhões de integrantes.
Com seu uniforme de camisa branca, laço vermelho, saias e calças azuis ou pretas, as crianças que mais se destacaram na escola vieram de todo o país, de trem ou de ônibus, para Pyongyang, para passear no zoológico e no parque de diversões. Às 10 horas, os 64 ônibus que as trouxeram estavam estacionados na frente do zoológico simetricamente, em ordem numérica rigorosa, de 1 a 64. Na Coreia do Norte, tudo é minuciosamente controlado.
Todas as noites, uma das guias pedia encarecidamente ao repórter de VEJA que assistisse o noticiário da Al-Jazeera para lhe contar sobre o diálogo com os EUA. O canal do Qatar era o único em inglês no quarto de hotel. Dois canais eram chineses e outros dois, coreanos. As guias ficam nos mesmos hotéis que os turistas, mas seus quartos não têm canais estrangeiros. Funcionários da agência chinesa que vende os pacotes para os estrangeiros mandam para os colegas norte-coreanos gravações dos telejornais de Hong Kong, com informações sobre a Coreia.
Os celulares só trocam ligações e mensagens de texto. Não existe conexão de internet sem fio. Nos escritórios, os computadores podem ser conectados por cabo. No hotel, os estrangeiros podem fazer ligações internacionais, ao custo de 5,5 dólares por minuto, e enviar emails, por 3 dólares cada, usando a conta de um provedor estatal. É preciso preencher uma ficha com os detalhes de quem manda e de quem recebe. Não adianta clicar em “enviar”, que o email não vai. Ele tem de ser enviado por uma funcionária, mediante uma senha.
O blecaute de informação e a lavagem cerebral parecem levar a uma atrofia mental. A caminho da zona desmilitarizada, a fronteira entre as duas Coreias, uma guia contava como Kim Il-sung decidiu em 1925 deixar a China, onde estava exilado com seus pais, para voltar para a Coreia e heroicamente liderar a luta de seu povo contra os japoneses.
Alguns minutos antes, ela havia dito que ele nascera em 1912. VEJA perguntou quantos anos ele tinha quando partiu para comandar a guerra da independência. “Vinte e três”, respondeu ela. Fez-se um silêncio. “Não, treze”, corrigiu, fazendo as contas com os dedos. “Ele era bastante jovem, não?”, observou o repórter. “Era”, concordou a guia, olhando para o infinito. Aos 28 anos de idade, ela parecia nunca ter parado para pensar se essa história que ela repete semanalmente para os turistas faz sentido.
Na realidade, Kim foi treinado pelo Exército soviético, no qual chegou a major, e colocado no poder por decisão de Josef Stalin, depois que a URSS expulsou os japoneses do norte da península, em 1945. VEJA perguntou sobre o período que o “eterno presidente” passou na antiga URSS. “Ele nunca esteve na URSS”, disse uma guia. “Só no exílio na China, com sua família.”
No Museu da Guerra Vitoriosa, em Pyongyang, uma soldado do Exército e os textos explicativos contam que, em 1950, os americanos, sul-coreanos e seus aliados invadiram a Coreia do Norte. “Sob a liderança calorosa do nosso líder, derrotamos os invasores e preservamos nossa independência”, enalteceu a guia.
Na verdade, foi a Coreia do Norte, com assistência soviética, que invadiu a parte sul da província. Tropas americanas, com mandato da ONU, vieram ao socorro da Coreia do Sul. A China então enviou soldados para defender a Coreia do Norte. A guerra acabou empatada, com 3 milhões de mortos.
Sem contestar a cronologia dos fatos, VEJA perguntou apenas o que teria acontecido se os norte-coreanos tivessem sido derrotados. “Seríamos uma colônia americana”, respondeu a guia.
É assim que eles vêem a Coreia do Sul, e não como a próspera democracia capitalista, criadora de marcas mundiais de alta tecnologia, com renda per capita nominal de 27.500 dólares (ou 36.500, quando ajustada ao poder de compra), segundo o Banco Mundial. A da Coreia do Norte, ainda que ajustada ao poder de compra, não passa de 1.700 dólares.
O governo norte-coreano não publica estatísticas econômicas confiáveis. O cálculo é uma extrapolação atualizada pela CIA de um estudo feito em 1999 pelo economista britânico Angus Maddison para a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em Pyongyang, o salário médio de um funcionário com diploma superior está em torno de 400.000 wons, ou 50 dólares. Os norte-coreanos não pagam moradia, educação nem saúde. Todos são empregados do Estado. Quando se casam, a empresa onde o marido trabalha lhe empresta um apartamento perto do escritório. As mulheres também trabalham. Mas podem andar mais. É uma sociedade machista. Só homens podem beber e fumar. E nunca vão para a cozinha. Homossexualidade e drogas são tabus. Aborto, só em caso de risco para a mãe.
A passagem de trem, metrô, bonde e ônibus custa apenas 5 wons, um valor difícil de converter, já que 1 centavo de dólar vale 80 wons. Os remédios prescritos pelos médicos são entregues de graça, se a farmácia do hospital os tiver. Se não, é preciso comprá-los.
Eles recebem tíquetes de alimentação, que podem ser trocados nos mercados a cada quinze dias. Aparentemente a comida não é suficiente, já que os supermercados vivem cheios de norte-coreanos. É fácil distingui-los dos turistas chineses pelos broches dos líderes.
No maior supermercado de Pyongyang, que estava lotado às 13h30 de terça-feira 5, um quilo de costela de porco custa 19.000 wons; meia dúzia de ovos, 21.400; um quilo de frango, 16.000; um quilo de carne bovina, 20.000; um quilo de maçã, 5.200; um litro de suco de laranja com manga, 33.900; um vinho italiano, entre 55.000 e 66.000; um pacote com 20 fraldas descartáveis, 31.500 (chinesas) ou 32.300 (norte-coreanas, consideradas de melhor qualidade). Nos salões de beleza estatais de Pyongyang, um corte masculino sai por 50 wons.
Em Pyongyang, as pessoas em geral se vestem formalmente. Os homens usam calças, camisas e sapatos; as mulheres, saias, blusas, meia-calças e saltos altos, além de bolsas chinesas que imitam as ocidentais. Cada peça de roupa custa menos de 1 dólar. Os norte-coreanos não usam camisetas, calças jeans nem tênis.
Depois do fim da União Soviética, que sustentava a Coreia do Norte com produtos baratos, houve fome generalizada no país. Isso durou entre 1991 e o início dos anos 2000, quando o governo passou a permitir alguma atividade privada.
No interior, é comum ver mulheres lavando roupas nos rios. Em Pyongyang, muitos homens pescam no Rio Taedong. Os guias não concordam em parar para fotografar esses sinais de pobreza.
Tudo continua pertencendo ao Estado, mas os camponeses podem plantar hortas ao redor de suas casas. Nas estradas, há um intenso trânsito de agricultores de bicicleta ou a pé, levando verduras para as feiras nas cidades. Esse dinheiro vai para o bolso deles, ao contrário das vendas das fazendas estatais. Isso estimulou a produção.
O governo também fechou os olhos para o contrabando com a China, que traz alguma prosperidade não só para os sacoleiros, mas também para os militares e policiais, que cobram propinas para deixar passar.
No trem que liga Sinuiji, na fronteira da China, com Pyongyang, ao examinar as caixas, malas e mochilas dos contrabandistas, os guardas pedem alguns presentes. “Você não é obrigado a dar, mas é melhor dar”, disse a VEJA um contrabandista chinês. Com os norte-coreanos, a abordagem é menos sutil.
No aeroporto de Pyongyang, por volta das 16h30 de sábado, 2, aterrissaram dois aviões russos Tupolev 204-300, da Air Koryo, a empresa norte-coreana, com capacidade para 166 passageiros. Um vinha de Pequim e o outro, de Shenyang, próspera cidade chinesa perto da fronteira com a Coreia do Norte.
O vôo de Shenyang estava lotado. Os únicos não chineses e não coreanos eram um turista indiano que mora na Nova Zelândia e o repórter de VEJA. Nas esteiras, poucas malas e muitas caixas, recolhidas por funcionários do aeroporto, não por passageiros.
A China continua sendo o cordão umbilical do país, mesmo depois de ter formalmente aderido às sanções comerciais impostas pelo Conselho de Segurança da ONU nos últimos anos, em represália contra os testes nucleares norte-coreanos. Este ano, o governo de Donald Trump apertou o cerco, interceptando os carregamentos destinados à Coreia do Norte. Alguma coisa ainda passa, mas a asfixia explica, em parte, a disposição de Kim Jong-un de negociar.
Não se vêem gordos na Coreia do Norte, com as notórias exceções de Kim Jong-un, seu pai e avô falecidos. Os norte-coreanos comuns comem, nas três refeições, kimchi, um prato barato que sustenta, feito da fermentação de repolho e nabo. E acrescentam ginseng, que segundo eles os protegem de doenças, incluindo gripe e câncer.
Nas lojas para turistas, os chineses compram a caixa de 600 gramas do ginseng coreano, considerado o melhor do mundo, por 1.800 yuans (286 dólares). Acredita-se que a planta tenha alto poder afrodisíaco.
A Coreia do Norte tem uma economia de subsistência insuficiente. Sua indústria produz itens de higiene e papelaria, roupas, alimentos industrializados e bicicletas, incluindo elétricas, da marca Taesong, vendidas a 2,7 milhões de wons (337 dólares) no supermercado. Os principais produtos agropecuários são arroz, batata, milho, soja, tomate, hortaliças, repolho, nabo, abobrinha, maçã, pera, cereja, frango, pato, porco e ovelhas. Não há gado de corte nem de leite. Bois e vacas são usados para puxar carroças e arados. Não há cavalos.
Os cidadãos comuns não possuem automóveis. Altos funcionários do governo trafegam em carros oficiais, com motoristas. Apenas pessoas premiadas pelo regime, como esportistas que ganharam medalhas internacionais, têm um carro privado. Nos principais cruzamentos de Pyongyang, no rush do fim da tarde e início da noite, juntam-se no máximo dez carros no farol vermelho.
Nas principais estradas do país, é tão rara a aparição de veículos que os ciclistas trafegam despreocupadamente pela faixa da esquerda na contramão. Na segunda-feira 3, na importante estrada de Pyongyang para a província de Pyongan do Norte, no centro do país, um trajeto de 150 km que durou duas horas, VEJA contou quatro caminhões civis e três militares, um jipe do Exército e outro civil, cinco vans, oito ônibus (metade de turismo), quatro táxis, dois automóveis e uma moto, vindo no sentido contrário.
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