Editor croata descarta possibilidade de as repúblicas iugoslavas formarem uma confederação
Nenad Popovic, editor em Zagreb, a capital da Croácia, acha que esse é mesmo o fim da Iugoslávia. E está feliz por isso.
Estado – Quais são os efeitos possíveis do reconhecimento da Croácia pela Comunidade Européia?
Nenad Popovic – Reconhecimento pode se traduzir em ajuda econômica e política, e é importante, em termos psicológicos. Pode fortalecer indiretamente as forças democráticas na Sérvia. Mas não mudará a situação militar.
Estado – As repúblicas iugoslavas ainda poderão formar uma confederação?
Popovic – Não. As feridas abertas pela guerra são muito traumáticas. Nem aqui nem na Eslovênia se pensa em formar uma confederação com as outras repúblicas. Acho que é mesmo o fim da Iugoslávia. E estou feliz com isso.
Estado – Por quê?
Popovic – Não creio que seja a melhor solução, mas não foi uma decisão tomada por nossos políticos. Esta não é uma guerra na Croácia, é uma guerra contra a Croácia.
Estado-As relações pessoais entre sérvios e croatas mudaram?
Popovic – Nas regiões de combate, sim. Mas há áreas em que a minoria sérvia na Croácia não toma parte na guerra. De qualquer forma, a idéia de solidariedade da comunidade de nações eslavas do Sul ruiu. Pois isso era o que nos unia: o sentimento de que estávamos mais seguros juntos do que sozinhos. De repente, isso acabou.
Estado – E o futuro das comunidades sérvias na Croácia?
Popovic – Acho que esse é um dos maiores desastres dessa guerra. A política extremista sérvia volta os sérvios contra si mesmos. Membros de comunidades sérvias na Croácia integram as forças croatas, que agora lutam contra os sérvios.
Estado – Vocês levam uma vida normal em Zagreb?
Popovic – Sim. Zagreb foi atacada cerca de 10 ou 20 vezes, tivemos entre 70 e 80 alarmes antiaéreos. O front está a 30 quilômetros. Zagreb mesma não sofreu muito. Mas temos 100 mil refugiados, comunidades inteiras da Eslovênia nas barracas abandonadas (pelo Exército federal).
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