Aproximação com Brasil pode perder fôlego

Brasil e Itália viveram intensa aproximação nos 20 meses de governo do primeiro-ministro Romano Prodi, de centro-esquerda, que renunciou em janeiro, depois de perder a maioria de uma cadeira no Senado.

ROMA  – Entre 2005 e 2007, as exportações brasileiras para a Itália aumentaram 40% e as importações, 65%, impulsionadas por missões empresariais encabeçadas por Prodi e pela ministra Dilma Roussef, da Casa Civil. No Brasil, o PT e o PPS se engajaram na campanha dos candidatos do Partido Democrático, de Prodi e do ex-prefeito de Roma Walter Veltroni, derrotado por Berlusconi por nove pontos de diferença.

Do lado italiano, o principal artífice da aproximação foi o vice-ministro do Exterior para a América Latina, Donato Di Santo. “Ele é um apaixonado pela América Latina e tem uma estreita amizade com Lula e com outros líderes da região”, define Paolo Magri, diretor do Instituto de Estudos de Política Internacional, com sede em Milão. Antes da queda de Prodi, havia sido marcada uma visita do presidente brasileiro a Roma para a terça-feira que precedeu as eleições.

“Na minha opinião, a massa crítica criada nos últimos dois anos serviu para mostrar que o abandono dos investimentos no Brasil foi um erro para a Itália, que perdeu posição sobretudo para a Espanha”, avaliou o embaixador do Brasil em Roma, Adhemar Bahadian, antes das eleições da semana passada. “Não depende mais de governo, porque os italianos se deram conta de que a associação com o capitalismo brasileiro é uma das saídas possíveis à estagnação econômica na Itália. Não acredito que a entrada de outro governo suspenda esse processo.”

“As relações com o Brasil podem voltar ao nível do primeiro governo de Prodi (1996-98), quando tampouco eram fortes”, compara Magri. “Mas o Brasil tem peso político e econômico crescente e cada vez mais visível. As relações prescindem da orientação de governos”, concorda o especialista.

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