No começo do mês passado, num programa de auditório, uma garota perguntou a Silvio Berlusconi como um jovem podia começar uma família tendo de enfrentar a precariedade do mercado de trabalho.
ROMA – A resposta: “Como pai, o conselho que lhe dou é procurar o filho de Berlusconi ou de qualquer um que não tenha esses problemas. Com o sorriso que você tem, você conseguiria.”
O conselho de Berlusconi, mesmo em tom de brincadeira, espelha a mentalidade que ele encarna na Itália, que no Brasil se chamaria de “lei de Gerson”: “levar vantagem em tudo”. Os anglo-saxões têm uma expressão para isso – not in my backyard (não no meu quintal), consagrada pela sigla Nimby. “Berlusconi encarna essa mentalidade”, diz Alessandro Beulcke, diretor do Fórum Nimby, uma entidade de Milão que monitora esse comportamento na Itália.
Para os críticos, Berlusconi segue carreira política para se livrar de seus problemas na Justiça. Durante o seu governo, em 2002, ele aprovou o Estatuto de Limitações, descriminalizando irregularidades contábeis. Graças à lei, foi absolvido, em janeiro deste ano, da acusação de falsa contabilidade.
Claro que ele não se vê assim. “Sou o Jesus Cristo da política”, disse, durante a campanha de 2006, em que foi derrotado por estreita margem. Este ano, ele voltou a declarar que ser candidato “é um sacrifício”.
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