Ferido na tomada do QG, combatente fala de emboscadas dos soldados de Kadafi e do uso de mercenários
JADU, Líbia – O engenheiro eletrônico Khalifa Youssef comandava um grupo de 50 homens quando chegaram na tarde de ontem ao portão verde, a entrada principal do complexo de Bab al-Azizia. Armados com fuzis, eles traziam uma bandeira branca – não para se render. “Pretendíamos que eles se rendessem”, explicou Youssef ontem à noite ao Estado, no hospital de Jadu, para onde foi trazido depois de ser ferido no rosto por estilhaços. Dois de seus homens morreram ao seu lado.
Do outro lado do portão e da muralha, uma bandeira branca também foi erguida. Era uma armadilha, conta Youssef, de 27 anos. Quando seu grupo se aproximou, os homens leais a Kadafi abriram fogo. Youssef disse que viu, entre os inimigos, mercenários africanos, que ele identificou como sendo do Níger, Chade e Gana. Isso foi por volta de 17 horas. Nas horas que se seguiram, os rebeldes romperam a resistência das forças leais ao regime e invadiram o complexo.
“Bab al-Azizia é o símbolo máximo de Kadafi, contra o qual lutamos durante 42 anos”, disse Youssef, sentado numa cadeira, com agulhas de soro intravenal ainda espetadas nas mãos. “Sentimos a vitória alcançada, a liberdade.” Youssef não acredita, no entanto, que o ditador ainda esteja em Bab al-Azizia. “Mas acho que continua na Líbia.”
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